#FogoNaMenteDosHomens (1)
Uma leitura inusitada da saga "Duna", de Frank Herbert a Denis Villeneuve
“Se não sabemos o que é o fogo, nós sabemos o que ele faz. Ele queima. Ele destrói a vida; mas também a sustenta como fonte de calor, luz, e – acima de tudo – fascínio.”
James H. Billington, Fire in the minds of men.
A trama é conhecida - e até mesmo arcaica em seus fundamentos: um império em crise; senhores e casas poderosas e antigas em conflito; aristocratas e povo engolfados em guerras fratricidas; a esperança de um novo mundo purificado em sangue e fogo; o Messias enviado para com a espada da justiça; e o poder de remodelar a realidade.
A segunda parte do épico cinematográfico Duna, dirigido por Denis Villeneuve, chega às telas do cinema causando estrondo e atiçando público e crítica, uma adaptação do romance homônimo de ficção-científica escrito por Frank Herbert nos anos sessenta. Se a versão realizada por David Lynch nos anos 80 é um exercício particular de criatividade e exotismo visual, mais próxima de uma opera-espacial do que da ficção científica hardcore, Villeneuve parece também buscar sua própria interpretação da história de Paul Atreides, filho do Duque Leto Atreides com sua concubina, Lady Jessica. Uma parte deste ensaio será a tentativa de mostrar como Herbert, Lynch e Villeneuve trabalham, enfatizam e interpretam, cada um à sua maneira, as chaves políticas, ecológicas e religiosas que permeiam a história original.