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Uma leitura inusitada da saga "Duna", de Frank Herbert a Denis Villeneuve (passando agora por David Lynch).

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Dionisius Amendola
mar 19, 2024
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[Leia a segunda parte do ensaio]

A obra-prima imperfeita de David Lynch

Em uma das primeiras cenas do filme Duna, dirigido por David Lynch, estamos no salão imperial do imperador Shaddam IV. O cenário e as vestes remetem a alguma peça shakespeariana passada em Veneza; a disposição e os diálogos sugerem apreensão pela chegada de uma comitiva. As portas do salão se abrem dando passagem a um grupo de homens vestidos com roupas pretas; eles aspiram continuamente um gás através de uma espécie de tubo, enquanto cercam uma imensa estrutura de ferro que parece uma locomotiva antiga; então ela começa a se abrir lentamente revelando ser na verdade um tanque; dentro deste flutua um ser de aproximadamente seis metros de comprimento, um ser que parece um imenso feto humano e pálido cruzado com uma lesma, imerso em um líquido alaranjado. Sua cabeça é enorme, sua boca em forma de V e membros vestiginais, os olhos bizarros parecem enxergar para e através do imperador. Ele fala e sua voz é um sussurro deformado, traduzido por um aparelho elétrico na frente do tanque.

Esta cena é inigualável e é um relance do que seria a fascinante interpretação de David Lynch para a obra de Frank Herbert. O diretor americano era uma escolha inusitada para dirigir e adaptar a saga político-religiosa de Duna, mas ele tinha uma imaginação fascinada por seres estranhos, deformidades e mutações genéticas, distorção das leis da física e expansão da consciência, elementos que também estão presentes na elaborada narrativa de Herbert.

David Lynch, um natural do meio-oeste americano, tinha dois filmes em seu currículo  e era visto como uma promessa em Hollywoodland. Eraserhead era uma obra estranha, um filme quase surrealista e onírico que fez sucesso no circuito underground de filmes. The Elephant Man foi um sucesso comercial e crítico, um longa estrelado por John Hurt como John Merrick, um homem com deformações físicas terríveis na Londres do século XIX, filmado em preto e branco, concorreu a oito Oscars, inclusive o de melhor filme, direção e ator. O próximo projeto que Lynch abraçaria seria a adaptação de Duna, com produção de um dos maiores produtores de Hollywood, o magnata da indústria, o napolitano Dino De Laurentis, produtor de mais de 700 filmes ao longo de sua vida.

David Lynch during the filming of Dune, 1980s : r/OldSchoolCool

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Dionisius Amendola
Sócio-fundador da Livraria [trabalhar cansa] e criador do canal e do Substack 'Bunker do Dio'.
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