#FoiRoubadoPorqueFoiTrouxa
Roubaram o Danilo Gentili. Já não é segredo pra mais ninguém.
Já virou notícia, meme, fofoca de grupo no Zap e estamos ansiosos esperando Luana Zucolloto montar um PowerPoint explicando a treta toda de uma forma didática.
Pois é, traíram o Danilo Gentili, de novo...
E desde então me perguntam, como se eu fosse porta-voz oficial do sofrimento alheio: “Mas e o Danilo, como tá?”
Gente… como você acha que um ser humano fica depois de ser traído por alguém que considerava amigo?
Exatamente: aquele combo emocional que vem com raiva, tristeza, incredulidade e uma vontade de um calmante receitado por Deus. É isso.
Eu trabalho com o Danilo há três anos. Quando iniciei, a ideia era eu me mudar para São Paulo para ser roteirista do The Noite. Mas ele, com um cuidado de amigo, olhou pra minha realidade com filha pequena e disse: “Não faz isso agora, vai ser mais difícil do que útil pra você”.
Mas ele não me deixou na mão — me ofereceu outro trabalho e ainda me indicou para mais lugares onde fui contratada e hoje tenho mais empregos que o pai do Chris. É esse é o tipo de pessoa que ele é. É ranzinza? Às vezes. Resmungão? Com certeza. Mas se me perguntam ele é bom? Demais!
Poucos meses trabalhando com ele, passei a lidar também com pagamentos e documentos pessoais dele, numa relação que exigia confiança absoluta com compartilhamento de dados bancários, fiscais e afins. Em uma das nossas conversas, ele até brincou que só faltava eu ter a chave do apartamento dele. Respondi que então já poderia comprar uma geladeira de duas portas no nome dele. Rimos muito. Magazine Luiza negou o cartão.
Mas por que estou contando isso? Não escrevo aqui como santa, juíza, delegada da moral ou bispa da honestidade. Só quero contextualizar para chegar no ponto principal — se você tiver paciência de seguir até o fim, claro.
E sim, o meu texto de hoje vai parecer um devocional que conta uma história para te trazer uma reflexão.
Para quem não acompanha as fofocas do Léo Dias ou perdeu a edição dessa semana passada do caos brasileiro, vamos ao resumo:
Bruno Lambert, comediante, desempregado após um processo movido por Tabata Amaral, foi contratado pelo Danilo para ser gerente do My Fucking Comedy. Detalhe: ele também tinha tentado ser roteirista do The Noite, mas não passou. (Eu precisava mencionar isso? Não! Mas ele me chamou de “cotista mulher” quando eu fui selecionada. Minha coluna, minhas regras. E minha resposta tardia.)
E como é do costume bondoso do Danilo, também não deixou um colega passar apuros. O salário dele no Comedy era ótimo, ainda mais pra quem vive em São Paulo. Tinha uma noite fixa no bar, ganhou oportunidades e visibilidade graças ao Danilo — porque o Danilo faz isso. Dá chance. Dá oportunidade. Dá emprego.
Danilo foi protestado. Os pagamentos referente ao Comedy não estavam sendo feitos pelo gerente. Aluguel, água, luz, condomínio, funcionários... E essa foi a parte que senti o Danilo mais incrédulo e revoltado ao contar:
“Uma das funcionárias até me disse que achava que eu não gostava dela”. Motivo? Lambert cortou a ‘mistura’ da janta dos funcionários com a justificativa de que era castigo imposto pelo próprio Danilo, porque elas estariam gastando muito detergente. Sim, é isso mesmo que você leu, o corte da ‘mistura’ era uma punição pelo uso “excessivo” de detergente. A acusação, além de falsa, contraria completamente o perfil de alguém que tem quase uma devoção ao conceito de limpeza.
Mas olha o nível de uma pessoa que desvia dinheiro até na compra da janta dos funcionários, acusando seu amigo que lhe deu um bom emprego, com tamanha intimidação a ponto dos funcionários não irem contestar o Danilo diretamente durante cerca de 2 meses. Mas a conta sempre chega. Danilo descobriu a falcatrua toda.
Bom, agora você já está por dentro da situação. Eis onde eu queria chegar:
Enquanto tudo isso acontecia do lado de lá (Danilo lidando com tudo isso e ‘apagando todos os incêndios’ deixados pelo gerente), eu estive hospitalizada. O Danilo sabia e se importava em mandar mensagem perguntando como eu estava.
Ao receber o meu salário referente àquele mês, recebi também uma bonificação. Sim, recebi um extra no meu salário sem ter feito nada.
Justificativa? “Pô véi, cê ficou internada todo esse tempo, pra te dar uma força no que você precisar aí”.
A sensibilidade e empatia, apenas três dias depois de ele descobrir que havia levado o golpe financeiro e emocional de um amigo.
Essa situação toda era a desculpa perfeita para ele endurecer o coração, desconfiar de todo mundo, virar aquele chefe frio que assombra funcionários em filmes. Mas ele simplesmente não consegue. É da natureza dele ser bom — e às vezes paga caro por isso.
Mesmo em meio ao caos, em meio aos resmungos constantes: “Ah, é f8d@ véi”, em meio às ameaças de desistir de tudo e de todos, ele segue mantendo a sua essência. “Cada um dá o que tem”.
Eu contextualizei o cenário da treta toda pra vocês, e neste ponto acredito que você já tenha discernimento de quem está certo e quem está errado nessa história. É bem simples, não é mesmo?
Bom, parece que não. Ao ler os comentários deixados nos posts de fofoca fiquei inconformada com a quantidade de pessoas que culpam o Danilo por ser bonzinho, que só é enganado, quem é trouxa. E o sinônimo de ser generoso pelo visto é esse. Por fim, acusam a vítima por ser como é.
É o novo: “Tava de vestido curto? Então tava pedindo!”
“Tava sendo bonzinho e dando oportunidade pra uma pessoa sem garantia de gratidão ou retorno? Então tava pedindo pra ser enganado!”
O Danilo teve um prejuízo financeiro enorme e está abalado com isso, mas o que dói mais nele é a traição e a ingratidão. E essa não é a primeira pessoa que o trai (financeiramente ou não) e a essa altura ele já não estaria calejado e acostumado? Quem é que se acostuma com isso?
Eu sei que dá vontade de se fechar, endurecer, virar gelo.
Mas olha o que Jesus, nosso Big Boss disse:
“Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade construída sobre o monte; nem se acende uma lamparina para colocá-la debaixo de uma vasilha. Ao contrário, coloca-a no lugar apropriado, e assim ilumina a todos que estão na casa. Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês que está nos céus” Mt 5:14-16
Luz não deixa de ser luz porque alguém tentou apagá-la. Luz ilumina — até quando está cansada, irritada, esgotada ou cercada de gente ruim. Luz é para isso e nada nem ninguém muda a sua natureza.
Vivemos tempos em que a maldade virou parte do cenário e, para alguns, ser bom é motivo de deboche. A confiança vira oportunidade para o canalha. O coração aberto vira ponto fraco.
Mas não é. Não deveria ser.
O problema não está em ser bom — está em quem escolhe usar maldade como ferramenta de vida.
Independentemente do que façam com quem é bom, a bondade, a caridade, a solidariedade, generosidade são dons de Deus, e vão continuar iluminando esse mundo através dessas pessoas para nos dar um pouco de esperança na humanidade.
Continuar sendo bom, apesar de tudo, é uma escolha. Uma escolha de não deixar o mundo te transformar naquilo que você repudia.
“Ser bom em um mundo mau não te faz um tolo — te faz raro.”





Que texto foda, Yasmim, além de um esclarecimento e testemunho, fica uma grande lição de vida, não sei se conseguiria não endurecer o coração, porém o certo não deixa de ser certo mesmo se a gente não for capaz de agir bem.
As pessoas não criticam pelo fato em si, mas por pertencerem a "bolhas" das quais o Danilo critica, portanto, não importa a questão, importa quem foi o alvo. A impressão é de que o ser humano está mais imbecil, mas acredito que a Internet só mostrou o quanto ainda somos primitivos como sociedade, bem como ainda temos neste meio seres iluminados que irradiam o bem. Viva o Danilo!