São Paulo. Avenida Paulista. Sexta-feira, 9 de fevereiro. 14h30.
Padre Kelmon, ex-sacerdote ortodoxo baiano da igreja do Peru no Brasil, está deixando o folclórico edifício comercial Winston Churchill. Com ele, um séquito liderado por Otávio Fakhoury, empresário olavete muito bem alinhado em seu terno Armani, gel nos cabelos e sapato mocassim cáqui, seguido por Paulo Kogos, de quem é dispensável falar. O resto era uma pequena amostra dos mais de 666 mil seguidores no Instagram do referido ex-presbítero da igreja andina. Excetuando Fakoury, todos ali tinham um aspecto de quem não costuma tomar banho com regularidade.
Em 2022, Kelmon foi expulso da prolixa Igreja Ortodoxa do Peru, da tradição canônica Síro-Ortodoxa Malankara Indiana. Os motivos não foram informados.
Mas na portaria do edifício Winston Churchill, Kelmon estava trajado com sua típica bata preta. A cabeça estava coberta com um barrete adornado com bordados coloridos e miçangas. Ele parou em frente a catraca, impedindo a entrada. Formou-se ali uma fila desnecessária e alguém gritou lá de fora: – Saia daí, padre de festa junina! O padre da referida festa se deu conta de estar atrapalhando o caminho e abriu espaço para que as pessoas pudessem passar. Sorriu e ensaiou cumprimentar o mesmo rapaz que gritou lá de fora, mas o rapaz não lhe retribuiu a intenção.
Ninguém perguntou, mas o ex-padre ortodoxo baiano da igreja andina resolveu anunciar a quem pudesse ouvir: – Sou pré-candidato à Prefeitura de São Paulo!
Paulo Kogos retorquiu: – Viva o nosso prefeito!
Fakoury acompanhou os companheiros e levantou o braço esquerdo, minto, direito com os punhos cerrados.
A cena inútil ilustra bem a nossa tragédia. Com financiamento do fundão eleitoral, Padre Kelmon poderá montar sua quadrilha para dançar na festa junina da eleição paulistana.
Não é Jorge Aragão
Não é padre
Não é presidente
Não será prefeito
Pára com isso! Já não chega termos candidatos como Boulos, Ricardo Nunes, Tabata Amaral, agora vem esse padre, outro vigarista? Meu candidato é o Kim Kataguiri, disparado o melhor. Tomara consiga concorrer.