#FuneralJudaicoDeSilvioSantos
Como serão os rituais fúnebres de Sílvio Santos, de acordo com a religião judaica?
Não era segredo para ninguém — e o próprio apresentador gostava de contar essa história com orgulho — as origens judaicas de Silvio Santos. É famosa a passagem em que ele relata de onde vinha seu nome e seu parentesco com uma das figuras mais célebres da história dos judeus, o financista Don Isaac Ben Yehuda Abravanel (1437-1508), conforme podemos ver abaixo:
Morto na madrugada deste sábado (17/08), aos 93 anos, o corpo de Silvio Santos será sepultado de acordo com os rituais fúnebres de sua religião. Vamos conhecer todos os detalhes desta tradição?
Morte no Shabat - O intervalo entre o anoitecer da sexta-feira e o anoitecer do sábado é chamado de Shabat — o dia santo e de descanso na tradição religiosa judaica. Durante o Shabat é proibido trabalhar, portanto, não se fazem enterros nessa ocasião. A tradição diz ainda que aqueles que falecem durante o Shabat são pessoas privilegiadas por Deus, pois têm o mérito de pular as fases da desencarnação, ascendendo diretamente aos céus.
Tratamento do corpo - Após a morte ser constatada, deve-se cobrir imediatamente a face do morto. Ela só será vista pelos profissionais que tratarão de despi-lo e amortalhá-lo antes de ser depositado no caixão.
Chevra Kadisha - Em todos os locais onde exista uma comunidade judaica estabelecida existe uma Chevra Kadisha. É a organização que cuida dos funerais (velório e enterro) de acordo com a tradição. Seu nome significa “Sociedade Santa”.
Espelhos cobertos - Assim que possível, devem-se acender velas ao redor do cadáver. Na casa onde ocorreu o falecimento, bem como na residência do falecido e de seus parentes mais próximos, existe o costume de cobrir todos os espelhos com tecidos, bem como fotos e quadros expostos.
Celeridade no sepultamento - No caso das mortes ocorridas durante os demais dias da semana, os velórios devem ser rápidos e não levar mais do que algumas horas. Muitos acreditam que esse costume se originou na Antiguidade, quando os judeus habitavam o deserto e se fazia necessário evitar a rápida decomposição cadavérica.
Caixão fechado - Os funerais judaicos jamais exibem o corpo. O caixão sempre é fechado e o corpo é embrulhado em uma mortalha de linho, sem nenhuma peça de roupa ou adorno. Isso representa a igualdade de todos os homens e mulheres diante de Deus após a morte.
Banho ritual - Antes de ser amortalhado, o cadáver passa por um ritual especial de limpeza chamado tahará. Um banho completo é dado ao corpo, as unhas são aparadas, eventuais feridas são fechadas e todo traço de fluidos corporais é retirado.
Enterro diretamente no solo - A tradição fúnebre judaica determina que todo corpo deve ser sepultado diretamente no solo. Não há jazigos cimentados ou gavetas. Alguns judeus mais religiosos têm o costume de quebrar a tampa do caixão no momento em que este baixa à cova, para que a terra possa tocar o corpo desde o princípio.
Exumação e cremação proibidas - Uma vez sepultado, o corpo nunca mais pode ser desenterrado. A cremação também é estritamente proibida.
Não há flores - Na tradição judaica praticada fora de Israel, não se oferecem flores ao falecido ou à sua família. Os cemtérios judaicos nem mesmo cultivam espécies que possam florescer, pois a flor representa alegria.
Lápide - Na modernidade, os cemitérios judaicos costumam ter apenas lápides simples, sem estátuas e retratos do sepultado. Isso também se deve ao senso de igualdade dos mortos diante de Deus. A lápide (matseiva) também costuma ser inaugurada numa cerimônia à parte, meses depois do falecimento, num ritual chamado de “descoberta da matseiva”.
Velas e pedras - Como não se oferecem flores em nenhum momento, o costume é deixar velas acesas e pequenas pedras sobre a campa do falecido. A vela representa luz para a alma e a pedra representa a permanência do luto e da falta que o finado faz àqueles que ele deixou em vida.
Sete dias - Para os familiares do morto restam os sete dias de luto fechado após o enterro. Este período é chamado de Shivá (sete em hebraico), onde os enlutados devem se recolher à própria casa, deixando-a somente para rezar diariamente na sinagoga. Existe o costume de os amigos da família se encarregarem de prover a alimentação da família enlutada.
O corpo de Silvio Santos deve ser sepultado na manhã deste domingo (18/09), no Cemitério Israelita do Butantã, em cerimônia restrita aos familiares.
Victor, tua explicação é singela, sensível e oportuna. Vou copiar.
Victor, obrigada pela descrição. Muito bonito e respeitoso o ritual judaico para o funeral.