#golpeSupremo
Um editorial do Estadão animou este velho a escrever essas linhas para lembrar que todo autoritarismo temporário tem a pretensão de se tornar permanente.
Meu sobrinho Luís Felipe – Luís com s, não com z, graças à mãe que preferiu a ortografia ao mau gosto do marido – disse-me, num sfumato entre elogio e chiste, que eu parecia gostar de ser velho.
Embora eu me envaideça de não sofrer da síndrome que faz meus companheiros de século submeterem-se a exercícios físicos inventados por Torquemada e ao ridículo das tinturas, ser velho é-me indiferente.
Aproveito-me do fato de estar na Terra há muito tempo para observar a sucessão de eventos, e prestei atenção suficiente ao catecismo para aprender com o Eclesiastes que o que acontece tende a acontecer de novo.
A um velho, portanto, o otimismo, o pessimismo e a ingenuidade são como as perucas: não caem bem.