#InconvenientesÚteis
Deixem em paz a sala VIP dos ministros. O miserê da maioria não deve atrapalhar o conforto das Cortes
O Ministério Público já solicitou ao TCU a suspensão temporária da reforma da salinha VIP da realeza dos The Supremes do Trabalho – que também fazem tudo in the name of love.
Além da reforma, os hermeneutas da mordomia contrataram serviços de transporte e acompanhamento pessoal no aeroporto para não serem importunados por gente mal-intencionada e inconveniente.
É compreensível. Todos os mais de 200 milhões de pequenos tiranos também adorariam poder se esconder numa salinha com piso de granito, ar-condicionado e comidinhas e bebidinhas caras, onde seus bolsos não fossem assaltados por uma casta de gente mal-intencionada e inconveniente. Mas, nem tudo é como a gente gostaria que fosse.
Tanto que, depois que uma gentinha inconveniente da imprensa divulgou a obra, o Ministério Público se viu obrigado a pedir a suspensão da reforma já em andamento. Alegaram que parece, talvez, quem sabe, hipoteticamente, supostamente, teoricamente, pode ser necessário avaliar princípios como economicidade, legalidade e interesse público da obra. Se fosse eu, investigaria também os princípios da supremicidade, arrogancidade e comicidade.
O Editorial do Estadão, “Somos todos inconvenientes”, também chamou atenção para a salinha VIP.
Esta sala do TST está orçada em 1,5 milhão de reais ao longo de dois anos. Diante de uma Justiça que custa 23 bilhões e gasta 95% disso com salários, benefícios e encargos, pode até parecer irrisório. A imoralidade, porém, é que todos esses privilégios e mimos são bancados pelos impostos pagos por milhões de “pessoas inconvenientes”.
No Brasil, o pagador de impostos não só dá o cavalo como ainda mostra os próprios dentes, como aqueles primatas fazem para mostrar submissão diante do líder. Apelidei de simiodadão, mas ainda não estou convencido da economicidade, legalidade e interesse público do neologismo.
O jornal lembra que, no final de 2024, integrantes da Corte chegaram a receber até 700 mil reais de penduricalhos. Com a dinheirama que ganham anualmente, certamente, têm cartões de crédito poderosos que já dariam direito a salinhas VIPs no aeroporto. Mas não é especial o bastante para a nobreza. Lá também podem ser incomodados por outros endinheirados não pertencentes à casta.
Diz o editorial: “Não se tem conhecimento de que os ministros do TST sejam tão conhecidos e visados a ponto de estarem sujeitos a situações de constrangimento, ameaça ou risco.” Não dê ideias, Estadão! Em breve, vai ter ministro do Supremes trabalhista vestindo a capa e calçando as botas de salvador da democracia só para ter direito ao mais VIP dos atendimentos VIPs.
Para prevenir, podemos apoiar a ideia que o Kim deu na entrevista aqui no NEIM: Exterminar a Justiça do Trabalho. Ninguém poderia questionar a economicidade, legalidade e o interesse público dessa decisão.
Nada mais revelador da mentalidade de casta que essas pessoas têm.
Justiça do Trabalho... KKKKKK. Absolutamente inútil. Para quem conhece nosso idioma: valhacouto. De inúteis e malandros.