#InfantilizaçãoOuImbecilização?
Como diria Jordan Peterson: “Se você tem medo dos homens fortes, espere até ver do que os fracos são capazes”.
Depois da denúncia do Felca sobre a infantilização, achávamos que já tínhamos visto de tudo. Do surto dos bebês reborn às modas estranhas do TikTok, nada parecia mais bizarro… até que apareceu isso: jovens e adultos, plenamente vacinados, usando chupetas para aliviar estresse, ansiedade, abstinência do cigarro e até o vício de roer unhas.

A lógica é simples, segundo as mentes brilhantes por trás da moda: “Se acalma um bebê, vai me acalmar também!” — como se o próximo passo natural fosse dar vape pra um bebê.
Claro, vivemos em um mundo onde o burnout virou epidemia e qualquer promessa de conforto emocional encontra público. Já tentamos chás, respiração profunda, terapias alternativas… e agora a chupeta se junta à lista. Particularmente? É, no mínimo, patético.
A tendência teria começado na China e nos Estados Unidos, e se espalhou como fofoca em grupo de WhatsApp de família. E, como já sabemos, basta um influenciador fazer para que uma manada de seguidores repita. Manchetes surgiram com “Nova tendência divide opiniões!”. Divide? Não. É unilateral: um adulto chupando chupeta é ridículo.
A infantilização já dava sinais. Achávamos que o auge eram mulheres adultas de maria-chiquinha, botas de paquita e pirulito na mão. Mas não: o iogurte coreano servido em mamadeira, que felizmente não pegou, foi só um treino para esse momento.
A justificativa oficial dos adeptos? “Conforto psicológico”. Um bebê chorão rapaz chinês chegou a declarar ao South China Morning Post que usa a chupeta durante o trabalho. Imagine ir ao banco e ser recebido por um gerente de terno e… chupeta na boca. Tranquilizante, não? Pelo menos ele não te atenderia estressado.
Segundo o psicólogo Zhang Mo, o conforto é temporário e mascara as causas reais da ansiedade. Traduzindo: você é adulto, com boletos de adulto, com prazos de adulto e perrengues de adulto — agora aja como tal.
A vida adulta não é confortável: envolve cobranças, frustrações e perdas. Não dá para romantizar. E, sim, quem não passa perrengue não cria casca. O problema é que parte dessa geração foi superprotegida e agora busca refúgio em qualquer traço de infância.
E tem mercado para isso. Não estamos falando de chupetinhas de farmácia a R$ 10. São modelos “premium” para adultos, acima de R$ 200, prontas para exibição no Instagram. Tudo, claro, com potencial para estragar dentes e o psicológico.
E, claro, porque o ser humano sempre encontra um jeito de ir além, descobri que até o mercado erótico resolveu morder essa tendência — literalmente. Existe uma versão “deluxe” chamada choker gag, basicamente uma chupeta presa a uma coleira, vendida a mais de R$ 400, direcionada a nichos como DDLG e ABDL (para quem não conhece, como eu, são fetiches que envolvem adultos interpretando papéis infantis em contextos sexuais). Ou seja, agora temos gente aliviando o estresse… enquanto “alivia o estresse”. É a infantilização com upgrade premium.
Como não sou especialista no assunto, fui perguntar ao ChatGPT. A resposta: “A chupeta nesse tipo de acessório serve tanto como adereço estético quanto como objeto de estímulo oral, fazendo parte da fantasia.” Traduzindo: será que essa história de “chupeta para aliviar o estresse” é mesmo terapia alternativa… ou estamos só maquiando um fetiche ou um problema mais profundo com um rótulo terapêutico bonitinho?
A neurociência explica: movimentos repetitivos como mascar chiclete ou… sugar uma chupeta, ativam o sistema de repouso do corpo. O psicanalista Artur Costa complementa: é um reflexo primitivo que traz alívio momentâneo, mas não resolve nada a longo prazo.
Já tínhamos à disposição o chiclete, as balas (inclusive com versão turbinada de nicotina), os pirulitos — que para um adulto já soavam infantis — e, mais recentemente, a moda de fazer bolhas de sabão para aliviar o estresse. Mas agora, querer normalizar o uso de uma chupeta… e no ambiente de trabalho? Aí é pedir para o bom senso pedir demissão.
Costa aponta que a cultura atual prolonga a adolescência e enaltece comportamentos que funcionam como fuga de responsabilidades. E, olha, eu juro que não queria voltar nesse assunto… mas vamos pensar: o boom de modas que remetem à infância — como os Labubus e Sonny Angels (bonecos colecionáveis) ou os Bobbie Goods (livros de colorir) — é um baita sintoma de que estamos surfando uma onda de infantilização adulta. São produtos infantis para adultos com rótulos de “terapia”.
Então é assim que vamos lidar com crises emocionais? Voltando para o berço, sem boletos e embalados pelo consolo de uma chupeta? Como diria Jordan Peterson: “Se você tem medo dos homens fortes, espere até ver do que os fracos são capazes.”
Homens precisam aprender a ser homens — e não, isso não é ser brutamontes. Força física conta, mas sem força emocional ela se transforma em violência covarde, tipo dar 60 socos em uma mulher e depois dizer que era claustrofóbico. O que precisamos são mentes focadas, corpos preparados, gente disposta a enfrentar dificuldades e madura o suficiente para saber quando parar, descansar e pedir ajuda.
“Ah, mas eu trabalho 7 dias por semana, 12 meses por ano, não posso me dar ao luxo de descansar ou fazer terapia.” Certo… então chupe sua chupeta e conserve o restinho de sanidade até a aposentadoria. Vai dar super certo. Confia!
Costa fecha com chave de ouro: “Hábitos orais na vida adulta podem simbolizar frustrações não resolvidas, dependências afetivas ou ansiedade”.
Se não ficou claro, eu explico: Cada caso é único e precisa ser analisado dentro do contexto de cada pessoa — e não, não existe chupeta personalizada para curar seus traumas. Procure terapia, porque chupetar silicone (e pior ainda, postar no TikTok) não vai preencher o buraco emocional que você carrega.
Para encerrar, deixo um trecho da série Fargo (Episódio 05 – 5ª temporada).
Yasmim, você nem imagina quanto estou aprendendo com você. Nunca tinha ouvido falar em "baby reborn", labubu e o outro, muito menos em chupeta para soi-disants adultos. Agradeço, porque se eu me deparasse com um gerente de banco chupando chupeta, chamaria uma ambulância de hospital psiquiátrico.
Acho a função da chupeta importante para identificar o momento certo para internação.