Lula abriu a boca e tropeçou nos próprios dentes — ou melhor, nos dentes que faltavam na fotografia de um senhor negro. A imagem, feita para divulgar o Brasil num evento na Alemanha, pareceu-lhe vergonhosa: “Um cara sem dente e ainda negro?”. Mandou jogar fora a página.
O que pesa é o “ainda”. Sem dentes já seria, para ele, um vexame estético. Acrescentar “ainda negro” é o agravante. É a lógica de que uma falha é perdoável, duas tornam o retrato inaceitável. O advérbio funciona como um peso extra: pobreza explicável, negritude tolerável; mas pobreza e negritude juntas? Isso o presidente não admite.