#InsalubridadeBrasileira
O impacto para a saúde mental brasileira num caos diário de violência institucional é palpável
Condenado a empurrar diariamente uma enorme rocha da base ao topo de uma montanha para depois vê-la rolar ladeira abaixo e ser obrigado a recomeçar tudo de novo, parece ser o destino do povo brasileiro diante das patuscadas políticas nacionais. A escancarada corrupção nossa de cada dia nos dai hoje o criminoso à esquerda, ao centro ou à direita.

O impacto para a nossa saúde mental num caos diário de violência institucional é palpável. Um recente estudo publicado na revista Natural Medicine revela que os fatores políticos, ambientais e sociais de um país influenciam drasticamente o estado de saúde físico e mental, rolando a pedra por um declínio cognitivo e quadros de demência.
Segundo Eduardo Zimmer, um dos autores do estudo e professor da UFRGS, o brasileiro acaba perdendo aproximadamente cinco anos de vida do cérebro em relação à média global. Alguém nega?
Em 1942, no livro “O mito de Sísifo”, Albert Camus nos deu uma pista de como não sucumbir a este fardo esmagador que é a podridão política brasileira. Sísifo, este herói absurdo e atormentado pelo imperioso desejo de mudança de um cosmo que tudo oprime e que tudo ofende, ousa dizer não à condição imposta aos homens pelos deuses. Eu sua astúcia e presença de espírito que se assemelham ao João Grilo de Suassuna, engana por duas vezes a própria Morte e eleva o furor do STF... quer dizer, dos deuses, que lhe imputam um castigo terrível: nascer no Brasil. Mentira: empurrar a rocha até o cume da montanha para vê-la rolar e ter que recomeçar. Mas diz Camus:
“É durante esse regresso, essa pausa que Sísifo me interessa. Um rosto que padece tão perto das pedras já é pedra ele próprio! Vejo esse homem descendo com passos pesados e regulares de volta para o tormento cujo fim não conhecerá. Essa hora, que é como uma respiração e que se repete com tanta certeza quanto sua desgraça, essa hora é a da consciência. Em cada um desses instantes, quando ele abandona os cumes e mergulha pouco a pouco nas guaridas dos deuses, Sísifo é superior ao seu destino. É mais forte que sua rocha”. (CAMUS, 2010, p. 139)
O povo brasileiro pode e deve ser mais forte que a rocha que tem de carregar. E jamais permitir que a sua consciência seja condenada.
Bravo!
É nossa obrigação nos livrarmos da pedra e manter nossa consciência leve.