#INSS:OlimpíadaRetórica
Mais gente esperando, menos tempo pra não receber resposta
Novo plano de governo: seis por meia dúzia
A Black Friday ficou famosa pelo slogan ‘metade do dobro’. Com o INSS, tá parecendo a mesma coisa.
Depois de toda a polêmica envolvendo o tema, aí vem essa notícia que vem em forma de piada.
A fila do INSS dobrou no governo de Luiz Inácio Lula da Silva e chegou a 2,86 milhões de pedidos sem resposta.
Mas o governo garante: está tudo sob controle, porque o tempo médio de espera caiu para 35 dias.
Ou seja, a fila está maior, mas está mais eficiente. É como um rodízio que dobra o número de carros, mas garante que todos fiquem parados menos tempo.
Segundo os dados oficiais, em janeiro de 2023 havia 1,2 milhão de pessoas esperando.
Em outubro de 2025, quase 3 milhões. A promessa de campanha era “zerar a fila”. Mas daí virou “reduzir”. Agora, vejam só: virou “explicar”.
E aqui entra o malabarismo semântico digno de olimpíada retórica:
Não importa quantas pessoas estão esperando, o que importa é quanto tempo cada uma espera.
É o tipo de lógica que só funciona em planilha.
Na prática, o governo parece dizer:
“Sim, tem o dobro de gente sem resposta. Mas pense pelo lado positivo: elas estão sendo ignoradas mais rapidamente.”
É uma inovação administrativa. Antes, o cidadão esperava muito tempo. Agora, mais cidadãos esperam menos tempo sem receber resposta. Gourmetizaram a burocracia. Mais uma vez.
A democracia é tão democrática que democratizam até a frustração.
O próprio governo admite que zerar a fila é impossível. Mas, espera aí... Só descobriram isso depois da eleição ou foi só um slogan mesmo?
Para resolver o problema, o INSS criou um comitê estratégico. Nada reduz fila no Brasil com mais eficiência do que criar um grupo para “pensar soluções”.
O comitê tem prazo: junho de 2026. Ou seja, vão correr pra que isso não atrapalhar o projeto político do governo. Uma simples coincidência, claro.
Até lá, seguimos com a nova filosofia previdenciária brasileira:
Fila grande não é problema. Problema é fila lenta.
Se continuar assim, daqui a pouco anunciam com orgulho:
“Batemos o recorde histórico: 5 milhões de pessoas esperando com atendimento rápido.”
O brasileiro talvez não se aposente. Mas vai se sentir bem tratado... estatisticamente.




Rouba-se tudo dos velhinhos até o tempo.
É muita canalhice com as pessoas que mais precisam de ajuda