#interludio: A Nostalgia do Apocalipse
Por que "Mad Max: Fury Road", de George Miller, é um dos grandes clássicos do século XXI
Por Leandro Costa
À época de seu lançamento, Mad Max: Estrada da fúria foi imediatamente reconhecido como um clássico.
Não é difícil compreender o porquê desse julgamento, pois, desde as suas primeiras sequências, é possível perceber que estamos assistindo a um filme extremamente singular.
Depois de produzir uma trilogia sobre o personagem Max Rockatansky — cujos filmes foram estrelados por Mel Gibson1 e obtiveram sucesso de público e reconhecimento da crítica — e de construir uma carreira peculiar dentro de Hollywood, George Miller passaria vinte anos concebendo Estrada da Fúria.
Quando finalmente o filme pôde ser produzido, já não seria mais possível que Mel Gibson o protagonizasse, mas a ausência do ator não prejudicou o universo ficcional criado por Miller. A entrada de Tom Hardy como Max e a criação da personagem Furiosa (Charlize Theron) deram uma nova vida a esse universo.
O primeiro Mad Max, de 1979, foi produzido de maneira quase amadora, com um orçamento baixo e poucos recursos tecnológicos. Com Estrada da Fúria a situação era outra: agora George Miller era responsável por uma superprodução milionária.
A produção em si acabou por adquirir uma aura própria, tendo sido equiparada a outras produções da história do cinema que ficaram famosas por suas dificuldades, como a dos filmes Fitzcarraldo, de Werner Herzog e Apocalipse Now, de Francis Ford Coppola.
Contudo, para além de todas as histórias de bastidores que já foram fartamente comentadas2, há o filme em si, o seu mundo particular, seus personagens e as escolhas artísticas realizadas para contar a sua história.