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#interlúdio: A teoria do Doutor Tonga

No Brasil, o debate se resume a uma tentativa de estupro discursivo.

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ago 03, 2024
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Por Kovács

Veneza

Grand Canal (Venice) - Wikipedia

Estive em Veneza há dez anos, por um dia apenas. Gostei muito. Parece uma imagem formada naqueles monóculos de plástico que se vendiam como chaveiro nos anos setenta e oitenta. É muito bonita, tressua história, mas é um lugar difícil de andar: é tudo muito estreito e apinhado de gente de todas as nacionalidades sapateando em cada metro quadrado, numa versão barroca da estação da Sé às seis e meia da tarde; andar pelas passagens estreitas, bordejando os canais, é reviver a confusão babélica. A cidade é como é porque, no século V da presente era, o povo do entroterra vêneto estava de saco cheio das incursões dos bárbaros (dos longobardos, acho) e resolveu levantar umas palafitas no banco de areia que está no meio da laguna. Veneza, em seus primeiros anos, devia ter um aspecto mais de favela do que o de città d’arte.

A estética de Veneza é favelística. O contato com a água, antes de mofá-lo, transformou aquele povo de refugiados em navegadores, e estes em comerciantes. A riqueza gerada pelo comércio com o Oriente sumiu com as taperas e trouxe os palácios construídos por arquitetos pagos a peso de ouro, ou melhor, de pimenta. Veneza decaiu depois que Vasco da Gama ganhou o Índico dobrando o Cabo das Tormentas (hoje da Boa Esperança) e tornou o comércio com o Oriente muito mais rentável, visto que não era preciso ir de Alexandria à Índia no lombo de camelos. A Sereníssima se manteve independente até o final do século XVIII, quando Napoleão acabou com a república dos doges.

Sobraram os sinais da opulência: o Palácio Ducal, a Catedral de São Marcos e as igrejas magníficas, tudo entremeado pelos canais. Fora os músicos e pintores: basta se lembrar de Vivaldi. Veneza, além de tudo, se destaca pela importância cultural. Se isso não ficar claro, é difícil entender a cidade e aproveitá-la. E o que ouço de reclamações do brasileiro classe média que para lá vai não está escrito. Veneza não é a Disney. A Disney foi pensada e construída para receber turistas; Veneza não.

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