#interludio: Contra A Atrofia
Sobre o tipo de diálogo que eu gostaria de ter com meus alunos.
Entre a escrita de um artigo que me foi pedido e o avanço lento, mas teimoso, na escrita do meu livro (pois é), ou seja, entre um trabalho e outro trabalho, estou tentando inserir nas minhas últimas semanas algo que não me deixe esquecer que, na verdade, estou de férias.
Esse algo é um componente essencial da minha ideia platônica de descanso, a saber, a leitura não-culpada de literatura (um dia escrevo sobre a culpa que sinto quando “perco tempo” lendo literatura em vez do cada vez mais infinito repositório de filosofia que devo ler). Como vocês devem ter visto aqui, por indicação (e empréstimo - ou doação? - do livro) de uma das pouquíssimas pessoas na face da Terra de quem aceito toda e qualquer indicação literária, virei o ano lendo Julian Barnes - que, sim, é irmão do especialista em filosofia antiga, Jonathan Barnes. E como fiz ano passado com Benjamin Labatut e Paul Auster, assumi uma parcial monomania e comecei logo a ler outro; agora o livro que lhe rendeu o Booker Prize em 2011, The Sense of an Ending.
Mas não quero falar do livro em si - que é realmente mais do que memorável -, mas de um simples diálogo entre um dos personagens principais e seu velho professor de História. Apenas porque, quando o li, imediatamente senti uma inveja profunda da experiência desse professor que existe apenas na literatura, em sua interação com um aluno cujo tipo está cada vez mais presente, muito infelizmente, apenas no plano das ideias.