#interludio: Deixados Para Trás (1)
Revendo “Um dia de fúria” (1993), de Joel Schumacher, um clássico esquecido que antecipa a Era de Trump.
Tempos atrás tive uma conversa com um amigo meu sobre Um dia de fúria (Falling Down, 1993), de Joel Schumacher, e me lembro que ele atentou para o fato de que não só o filme em si era um clássico contemporâneo, como também um filme perturbador sobre os Estados Unidos dos anos 90, em especial ao apontar uma tendência: um filme sobre aqueles que foram “deixados para trás”.
Havia anos desde a última vez que tinha assistido a película de Schumacher (em uma fita VHS, diga-se), e confesso que me lembrava de poucas cenas icônicas: Michael Douglas ameaçando um atendente de fast food com uma submetralhadora - tudo porque tinham parado de servir café da manhã (tal cena se tornou um meme nos dias de hoje); ou, então, o mesmo Douglas com um lança-mísseis atacando Los Angeles. Resumindo: um filme de ação dos anos 90 mas com um twist: em vez de Arnold Schwarzenegger ou Jean Claude Van Damme envolvidos em suas típicas peripécias, temos um Michael Douglas de meia-idade, corte militar e óculos de grau atacando Los Angeles porque teve um dia ruim. Um filme interessante, sem dúvida, mas só isso. Mas eu fiquei com algo na cabeça: a ideia do “deixados para trás”. E, então, fui rever o filme.