Por Leandro Costa
Com a recente publicação do romance Heat 2, Michael Mann retorna ao universo ficcional criado no filme Fogo contra fogo (Heat, 1995)1.
Eis aí um bom motivo para voltarmos ao filme e investigarmos o porquê da permanência desse universo e desses personagens na obra do cineasta.
Mann é um dos últimos sobreviventes da melhor tradição do cinema americano. Um cineasta para quem a mise-en-scène ainda é importante; um diretor que respeita a realidade do seu mundo de ficção, que escreve sequências primorosas e as executa de maneira harmônica.
Nos anos 2000, ele produziria obras-primas como Collateral e Miami Vice — ápices do seu desenvolvimento formal —, mas a sua filmografia é concisa e apresenta níveis de coerência, de excelência e de integridade que são muito raros no cinema recente.
Desde Thief, filme de 1981, o cinema de Mann já dava indícios de suas qualidades. É o caso também de Fogo contra fogo, um filme muito bem construído que, entre outros temas, trata da obsessão pela realização de um bom trabalho, da solidão do homem moderno e do grande vazio que há nas almas solitárias.