#Interlúdio: Humano demasiado humano
Quando a racionalidade se torna um álibi para desumanizar as pessoas
“O homem é um animal racional”, diz a famosa definição de Aristóteles. Mas pode haver controvérsias se levarmos em consideração o que dá audiência na internet. É sempre possível questionar essa racionalidade diante dos profissionais do cancelamento, que vivem tentando quebrar as empresas que não coadunam com suas visões de mundo, e dos caixeiros viajantes de ideologias, com suas temporadas de cursos de imersão em assuntos insignificantes.
Como dizia Camus, o ser humano é a única criatura que se recusa a ser o que é. Portanto, esse animal racional pode, a qualquer momento, perder a razão e olhar para o seu semelhante – e para si mesmo – como alguém indigno de respeito.
Na maioria das vezes, a discussão cai em contextos ideológicos que contemplam somente um aspecto do problema. O homem visto a partir do materialismo, como apenas um animal, pode ser reduzido a reflexos condicionados ou comportamentos-padrão descritos em manuais behavioristas. Visto apenas da perspectiva social, como uma forma atomizada no meio de forças econômicas e políticas, ganha apenas aquela aparência histórica dos manuais de marxismo.


