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#interludio: O Gordinho do Videogame

O eu é o maior fardo do ser.

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ago 21, 2024
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Por Fernando Lima Cunha

NA RUA TINHA A TURMA E TINHA O GORDINHO DO VIDEOGAME. O pessoal falava que a mãe dele era gerente de banco e acho que era a única mulher da vizinhança que trabalhava fora. Nossas mães eram só mães mesmo, e isso não era pouca coisa não.

Mas a mãe do gordinho do videogame era a única que trabalhava fora e saía de carro para trabalhar, um carro novinho e grandão igual ao do Antonio Fagundes na novela. Quase ninguém tinha carro na rua. O pai do Binho tinha um Passat cor de pamonha que derramava óleo e o pai do Zóio tinha uma Belina que parecia abóbora descascada. Só eles tinham carro. Mas a gente nem ligava pra isso, a gente nem saía muito do bairro. Tudo era pertinho: a escola era pertinho, o mercado era pertinho, a feira, a padaria, a banca de revista, o campinho. Tudo pertinho. A gente nem pensava em carro.

Acho que a mãe do gordinho não deixava ele sair na rua pra não se misturar com a gente. Mas a gente não era moleque de rua não, a gente só brincava na rua depois da escola. Eu nunca faltava na escola e só tirava nota azul. Eu até gostava de estudar, e também meu pai que trabalhava na fábrica de geladeira dizia que, se eu repetisse de ano, tomava uma surra.

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