Por Adaubam Pires
Eu achava que a questão mais importante de uma newsletter era a escolha da plataforma (medium ou substack, afinal?), seguida da escolha do título, periodicidade e divulgação. Sem esquecer da cor de fundo, claro. Mas não é nada disso. Agora em que finalmente decidi pôr a mão na massa, foi que descobri: a questão mais importante de uma newsletter é sobre o que escrever.
O Twitter (quer dizer, aquilo que chamávamos de Twitter) nos permite cultivar múltiplas personalidades literárias. Podemos começar o dia falando do sol matinal a cair sobre Blandings, no almoço postamos os desassossegos de Fernando Pessoa, no início da tarde a tradução de um poema de Poe, na hora do lanche historietas de Beckett e Thoreau, na janta o primeiro parágrafo de Moby-Dick e fechamos o dia com um fio sobre a não-existência de Jorge Luis Borges. E está tudo bem.
Mas uma newsletter exige um pouco mais de constância e profundidade. Pareceu-me uma boa ideia, portanto, escrever justamente sobre o ato de escrever. Da necessidade de escrever, na verdade. Afinal, o que seria das newsletters sem esta compulsão?