#interludio: Pic* Das Galáxias
O ativista antirracista contemporâneo é intelectualmente prejudicado, cientificamente imaturo, emocionalmente frágil e politicamente agressivo.
*Por Patthy Silva
Na metade dos anos 2010, quando eu ainda me considerava feminista (não existe santo sem passado e pecador sem futuro, como Santo Agostinho nos ensinou), falei para um grupo de mulheres que havia conhecido uma profissional negra que atuava no poder judiciário em um cargo de altíssimo nível. Infelizmente, não é tão comum ver pessoas negras ocupando posições de tanto prestígio; e eu não consigo segurar minha alegria quando vejo uma porque entendo como mais um excelente exemplo para juventude negra (a Glória Maria era minha musa! Todo mundo precisa de exemplos).
No ápice do meu entusiasmo carioquês, eu falei o seguinte: “ela é maravilhosa! Ela é a pic* das galáxias!”. Pronto! Bastou isso para eu receber uma palestra de uma feminista de franja esquisita, que pode ser sumarizada no seguinte texto: “Patthy, não se fala ‘pic* das galáxias’; fala-se da x*x*ta!”. Nunca mais voltei para a reunião do grupo e nunca mais quis saber de feminismo. Mandei um “valeu, falou” para as manas, mas a verdade é que todo esse episódio foi só uma gota num balde d’água que já estava bastante cheio. Assunto para outro dia. A verdade precisa ser dita: eu deveria ter desconfiado que a expressão “pic* das galáxias” tinha caído em desuso entre as pessoas em situação de esquerdismo. Errei, fui moleque!