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#interludio: Sem Lugar (1)

A alma de um país não vive sem aqueles que não conseguem viver sem o atributo da excelência.

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jun 22, 2024
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Por Leo Lama

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“He's a real nowhere man
Sitting in his nowhere land
Making all his nowhere plans for nobody”,

Nowhere man, The Beatles.

Não se pode ser generoso com o Diabo, pois não é possível convertê-lo, recomendam sábios de muitas tradições espirituais. Alguns rebateriam que o Cujo não existe, portanto, qualquer tratativa com o Tal é ilusão. Outros diriam que o Coisa Ruim é uma metáfora para falar do mal, uma tecnologia para nos ensinar a lidar com a encarnação da iniquidade em nós mesmos, destarte, cabe a nós, antes de tudo, reconhecer o que é maldade o que é o Bem. Quando a virtude se torna orgulho, quando a beleza vira ídolo, começamos a nos perder. Quando somos incapazes de discernir, o Diabo existe e diz: “Meu nome é Legião”. E o discernimento passa a ser o elixir da longa vida onde tudo é assassinado rapidamente pela confusão e pela batelada.

Vivemos, sem sombra de dúvida, sob a ditadura do Reino da Quantidade e cada um hoje é um desesperado pelo quantitativo exasperante, em que a preocupação há muito não é mais vender ou não vender a alma e sim como fazer isso. “Eles agem e ignoram o que estão fazendo; têm seus hábitos e não sabem por quê; caminham através de toda a sua vida e, no entanto, desconhecem a sua senda; assim são eles, os homens da massa”, disse Mestre Meng, citado por Elias Canetti em Auto de Fé.

Porém, pessoas companheiras da minha solidão, existem os invisíveis e estes insistem nessa coisa datada chamada qualidade. A alma artístico-intelectual de um país não vive sem aqueles que não conseguem viver sem o atributo da excelência. Mas estes não conseguem se sustentar no país que não existiria intelectualmente sem eles. Pois o fato é que tal país parece ter escolhido a extinção, seguindo a onda do mundo, que dá pouco valor para o que é viver verdadeiramente. A preocupação atual, sabemos, está concentrada em aparecer, engajar e quantificar.  Se antes viver com dignidade era trabalhar honestamente em busca de um apelo vocacional, conseguir pagar as contas, comer, ter tempo para respirar e se esforçar para não fazer pactos com quem leva almas ao abismo, hoje não é suficiente nem aceitável. É preciso enriquecer, acumular, gravar em vídeo, exibir, influenciar, pactuar e compactuar com todo tipo de demônio, social e profissionalmente. É preciso ser uma legião.

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