Talvez porque hoje seja Bloomsday, ou talvez porque os nomes de James Joyce e de Sigmund Freud significam a mesma coisa em suas respectivas línguas — “alegria” ou “júbilo” — , decidi que não falaria nem sobre um, muito menos sobre o outro, uma vez que, para o escritor irlandês, não havia acidentes para os homens de gênio, pois o mundo era motivo de descoberta.
Tudo isso é muito bonito. Mas até mesmo os gênios têm os seus momentos de bobagem, certo?
Aliás, pode-se dizer que um gênio só vive alguns e poucos momentos de lucidez. Sua vida inteira é baseada na espera de uma exceção que o salvará da burrice completa e ela dominará todos os outros instantes da sua vida. O gênio é só exceção; a sua tão propalada inteligência muitas vezes pode ser considerada loucura e, de certa forma, o sujeito realmente inteligente é aquele que consegue se manter constante, tanto no pensamento como nas decisões concretas.
Joyce e Freud eram gênios — mas gênios que beiravam a insanidade. E todo esse “clima de opinião” em que ambos se transformaram (a expressão é minha homenagem singela a um poeta verdadeiramente inteligente, W.H. Auden) foi o que impulsionou o tecido do mundo moderno a se tornar somente uma caricatura de rupturas em relação a uma tradição a qual o homem contemporâneo não se importa mais.