#LiquidaçãoPenal

Mas não essa que você está pensando...

Paulo Preto estará livre aos 81 anos!

Tem inúmeras características curiosas no nosso país. Uma delas é que, toda vez que um figurão é condenado, o Brasil respira aliviado achando que “agora vai”. Mas logo o tempo mostra que, na verdade, “agora volta”. E aí fica aquele gostinho delicioso de impunidade derretendo na nossa boca.

A Justiça brasileira acaba de reinventar o conceito de desconto: Paulo Preto, o maior operador da Lava Jato, teve a pena reduzida de 145 anos pra 5. Época de Black Friday, né, galera? A Justiça também precisa se adaptar. O cara desviou milhões e ganhou um cupom de liberdade.

Pra quem não lembra, ele desviou R$ 7,7 milhões que eram pra indenizar famílias removidas pelo Rodoanel. Ou seja, tirou casa de pobre pra dar apartamento pras empregadas. O Robin Hood às avessas: rouba dos pobres pra dar pros domésticos.

A juíza tinha condenado o cara a 145 anos. Benevolente, o TRF-3 olhou e pensou:

Ah, coitado… ele não vai aguentar tudo isso.

E cortou pra cinco. Cinco! Uma pena tão leve que parece castigo de criança rica: “vai pro seu quarto refletir sobre os milhões desviados.”

A justiça considerou a pena original excessiva e desproporcional para os fatos remanescentes após as absolvições. O diálogo deve ter sido o seguinte:

- 145 é muito!

- Vamos reduzir pela metade?

- Não, vamos reduzir em 96%!

O detalhe: ele tem 76 anos. Pela lei, crime de idoso prescreve mais rápido. No Brasil, o crime compensa. E compensa ainda mais se você for velho. Envelhecer aqui é o melhor investimento pra quem comete crime: um verdadeiro plano de previdência penal.

Pensa só: o sujeito que roubou indenização de gente despejada pode acabar cumprindo menos tempo que um cara pego com 30 gramas de maconha. Então, você que anda por aí com essa quantidade de maconha, não seja burro. Desvie R$ 7,7 milhões. Depois de 5 anos, você vai comprar toda a maconha de Amsterdã.

Mas vai ver que eu tô errado. Afinal, o cara não ia viver 145 anos mesmo. Devem ter pensado: “é muito tempo pra quem já esperou tão pouco pela punição.”