Em primeiro lugar, vamos ler a chamada desta matéria:
Este texto está custando a Antonio Prata — filho de Mário Prata e esposo de Júlia Dualibi — a sua reputação no mundo intelectual.
Sim, estão cancelando o pobre coitado.
E ele merece.
Sabem por que? Não é porque ele é contra a nova lista de livros da Fuvest, que deixou de lado os tradicionais medalhões literários (Machado, Graciliano, Guimarães Rosa) e os substituiu por uma lista de escritoras (entre elas, a infatigável Conceição Evaristo).
É porque seu texto é de uma pusilanimidade só.
Vejamos um trecho:
“O mundo é machista. O machismo, excluindo metade da população mundial do acesso ao estudo e ao debate na esfera pública, fez com que as maiores obras na literatura, nas artes e nas ciências, nos últimos milênios, tenham vindo de homens. Isto não é uma opinião, é um fato. As mulheres estavam oprimidas e caladas. Achar que pra cada Sócrates, Platão ou Aristóteles, para cada Hobbes, Rousseau e Locke, para cada Machado, Graciliano ou Rosa, existam obras equivalentes femininas até hoje ocultas, que brotarão ao se excluir as obras masculinas, é negar a existência e a eficácia do machismo.”
Ou seja: Prata usa da retórica identitária já para se desculpar da opinião polêmica que irá emitir.
O problema da decisão da Fuvest não é uma questão de representatividade. É uma questão de qualidade.
Exceto por Lígia Fagundes Telles e Sofia de Mello Breyer Andersen, que foram inseridas na lista para a Fuvest não passar vergonha completa, os outros livros selecionados são muito ruins.
(Ah, mas e a Rachel de Queiroz?, dirão as estrelas. E vos respondo com Paulo Francis:
“Rachel de Queiroz está à direita de Genghis Khan e não escreve nada há mais de quarenta anos, o que a tornou, naturalmente, candidata para a Academia Brasileira de Letras”.)
O que nos leva à segunda manchete do dia:
O artigo deveria ser uma defesa da escolha da Fuvest, mas como foi escrito por um comitê de burocratas, saiu como uma estrovenga que cheira a “perdoa-me por te traíres”.
O parágrafo abaixo é digno de figurar entre os exemplos supremos do estilo “penteadeira de velha”:
“Quando insistimos na existência de um "novo cânone literário", que se refere à evolução e expansão dos critérios usados para determinar quais obras literárias são consideradas essenciais ou exemplares, pretendemos incluir uma gama diversificada de vozes e perspectivas, incorporando autores de origens sociais, culturais, étnicas, de gênero e geográficas diversas, com a finalidade de trazer para o debate a riqueza da literatura contemporânea.”
Perto disso, o bobão do Antonio Prata passa a ser o suprassumo da lucidez.
Mas não paramos por aqui.
O fato desses dois textos serem publicados como amostras de alguma espécie de “debate cultural” indica somente que o jornalismo nessa área está caindo de podre.
Querem a prova maior disso?
Eis aqui a terceira manchete do dia:
Para quem não sabe, Rubens Rodrigues Torres Filho traduziu Kant e Hegel, escreveu inúmeros ensaios sobre os dois e foi um poema invulgar numa era vulgar.
E o que ele merece na imprensa? Um mero obituário.
Nenhuma matéria especial, nenhum texto em destaque.
Só um maldito obituário.
Enquanto isso, o jornalismo de cultura no Brasil quer nos fazer engolir Conceição Evaristo goela abaixo.
Isto sim é a verdadeira escravidão.
Não sobra nada de fora da guerra ideológica nesse país ?
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