Parte 2
Traduttore, traditore. Será? Traduzir é trair? Essa frase surgiu no século 16 na Itália como reação à tradução de Dante ao francês. Diziam que na tradução haveria perda do humor, do tom, do trágico. Até algumas décadas atrás isso era quase sempre verdade. Grande número das traduções eram feitas por pessoas que conheciam o idioma de origem apenas através de livros, às vezes livros muito antigos, portanto os recursos para o tradutor eram limitados. Sem a vivência da língua não se tem a dimensão cultural, e sem pesquisa profunda é impossível reconhecer as referências de décadas ou até séculos anteriores. Língua é uma entidade viva, que muda em cada região e ao longo do tempo. Pronúncia, inflexão, sonoridade, todos são elementos que só podem ser traduzidos com o conhecimento do contexto em que a obra foi escrita.