#Livros: “Carta aos jovens sobre a utilidade da literatura pagã”, de Basílio de Cesareia
A literatura, para Basílio, é como um pomar: dá tanto frutas boas quanto apodrecidas – ao leitor cabe saber o que colhe
Ler a Carta aos jovens sobre o uso da literatura pagã é como abrir uma carta antiga de um mestre para seus alunos — daquelas escritas com calma, pena na mão e alma cheia de cuidado. São Basílio fala aos jovens cristãos do século IV, mas parece falar pra gente também: leiam, mas saibam discernir o que estão lendo! É um conselho simples, só que dito com a sabedoria de quem viveu entre dois mundos — o da cultura pagã, brilhante e sedutora, e o da fé cristã, exigente e moralmente rigorosa.
Basílio tem aquele tom de professor que você respeita mesmo quando discorda. Ele não diz pra jogar fora Homero, Ésquilo, Sófocles ou Eurípides, — pelo contrário, reconhece que há virtude, beleza e coragem nesses clássicos literários gregos. Basílio só pede um olhar atento, quase ascético: leia o que edifica, ignore o que possa despertar o que temos de pior. A literatura, pra ele, é como um pomar: dá tanto frutas boas quanto apodrecidas – ao leitor cabe saber o que colhe.
No fim das contas, é um livrinho que deixa uma mensagem perene: leia tudo, mas sempre com olhos despertos. Aproveite o saber antigo, mas sem se deixar dominar por ele. Basílio parece sussurrar que o verdadeiro estudo é o que transforma o caráter. E talvez seja por isso que, séculos depois, a voz do sábio capadócio ainda soe tão viva — como um lembrete suave de que pensar também pode ser um ato de fé.
Na edição indicada abaixo, foram anexadas dois breves textos de São Basílio: Sobre o desapego das coisas mundanas e Sobre a humildade. Segundo o tradutor, “ambos complementam o texto principal no momento em que dão uma ideia mais detalhada da perspectiva a partir da qual o autor se dirigiu aos jovens da sua época”.
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Carta aos jovens sobre o uso da literatura grega (link da Amazon)
Basílio de Cesareia
Tradução: Diogo Chiuso
Ed. Ecclesiae, 2012
120 páginas




