#naoeassinante: A Era das Deformações
Por que Roberto Campos sonhava com militares que eram déspotas esclarecidos?
*Por Pedro Lemos
Roberto de Oliveira Campos foi, a meu ver, um dos intelectuais mais autênticos que o Brasil já produziu. Seu livro de memórias, A Lanterna na Popa, divertidíssimo, é leitura obrigatória àqueles que pretendem resgatar a história do Brasil e do mundo pós 1940 sob a ótica privilegiada de alguém que testemunhou os fatos com lucidez e acuidade intelectual ímpares.
Questionado se acreditava em Deus, Roberto Campos, um ex-seminarista, respondeu que sim, “mas por medo, não por convicção”. Em mais uma prova de honestidade intelectual, confessou ter depositado no altar da vida eterna as angústias decorrentes do medo de morrer, embora, racionalmente, não acreditasse nela. Seu intelecto era ateu, mas seu coração era crente.
Mas esse texto aborda uma questão nada metafísica.