#naoeassinante: A Moeda de Caronte
A educação das novas gerações não pode ficar ao sabor do vento
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*Por Lais Boveto
Na década de 1950, no ensaio A crise na educação, Hannah Arendt salientou que a educação existe porque pessoas continuam nascendo. Como o mundo humano não é óbvio para recém-chegados, a educação cumpriria a função de apresentá-lo aos mais novos. Apresentar um mundo velho a pessoas novas torna a atividade de educar necessariamente conservadora.
A crise na educação tinha duas causas principais. A primeira, era a rejeição ao passado e a perspectiva ilusória de criar um mundo ‘novo’ e melhor do que o velho mundo. A segunda, era o desenvolvimento de uma noção de igualdade que extrapolou o ideal das leis e fomentou a supressão de quaisquer diferenças entre adultos e crianças.
Essas duas causas resultaram na dissolução tanto do entendimento clássico de educação, quanto das relações de autoridade – aqui, entendida como credibilidade e responsabilidade – entre professores e alunos. O solo mais firme no qual o ‘recém-chegado’ poderia caminhar, tornou-se uma areia movediça.
No Brasil, a crise na educação também pode ser desenhada em torno da autoridade do professor e da distorção da finalidade clássica da atividade educativa.