#naoeassinante: Não foi 8 de janeiro
De como o levante bolsonarista foi mais um episódio de um conflito histórico milenar.
O texto de hoje é a estreia de uma nova sessão no Não É Imprensa. Chama-se “Não É Assinante” e consiste em escolher, de forma criteriosa, artigos escritos por nossos leitores e que tenham pautas relevantes. Quem quiser enviar sugestões, favor remetê-las para o e-mail leitor@naoeimprensa.com.br.
Por Renato Corrêa
Com o aniversário de um ano do fatídico 8 de janeiro, muito já está sendo escrito na imprensa sobre o STF, Alexandre de Moraes e suas decisões judiciais relativas ao ataque às sedes dos Três Poderes e ao uso das redes digitais por perfis de direita. Invariavelmente, algum colunista fará alusão ao caso de Monark e leremos todos os clichês de sempre (a depender da linha editorial de cada veículo): que as decisões de Moraes foram censura prévia; ataque ao direito constitucional de livre expressão; combate legítimo às fake news; proteção do estado democrático etc.
Aquilo que não iremos ler nos jornais é o que essas sentenças representam de fato: uma disputa de poder muito antiga, anterior mesmo à existência das próprias redes digitais; uma disputa de poder entre hierarquia e networking ou entre a “torre" e a “praça”, como chamou o historiador escocês Niall Ferguson em sua bela metáfora sobre o centro medieval de Siena.