#NãoÉBrincadeira
A essencialidade de nossa missão, diante de uma imprensa, que há muito deixou o seu nobre papel de nos informar - e informar bem.
Sou da geração Bossa Nova (os nascidos entre 1948-1966). Cresci ouvindo e assistindo muito do humor nacional, daí que minha memória afetiva traz Ronald Golias e José de Vasconcelos como símbolos da influência cultural. O Zeitgeist vigente era de muita piada, chiste e alegria. De certa maneira, pensando melhor, vejo nas gerações que me antecederam muito dessa marca, que por certo impregnou o imaginário brasileiro desde minha infância.
Faz parte hoje da cultura brasileira o nosso eterno wishful thinking, uma esperança exageradamente otimista de que as coisas vão melhorar. Rimos de nós mesmo, o que é positivo. Mas isso tem limite. A realidade é dura. Logo na segunda-feira de manhã, arranca o sorriso de nossa cara e provoca reações de fúria, tristeza e frustração. E seguimos a semana carregando esse gosto amargo. Na sexta-feira, aplacamos o sabor acre com cerveja gelada e piadas ruidosas na mesa do bar.
Importante, no entanto, não perder de vista que somos responsáveis por nosso destino. Somos os agentes da nossa jornada na Terra, protagonistas rumo ao nosso futuro. E, por não ser tarefa fácil, ao sentirmos que as coisas não andam como deveriam, a revolta é mais que natural. Nosso sentimento de indignação prova do que somos feitos.