#naoeentrevista: Evandro Affonso Ferreira
O escritor que não mescla a vingança com o orgulho.
Velhice?
Não deveria ter trocado aquele espelho antigo, trincado, fosco demais: percebi hoje cedo que meu olhar também perdeu o viço – desalento óptico. Entanto, não devo responsabilizar a retina; alma, talvez. Sei que este estado existencial precário, nebuloso, deixa meu olhar enevoado provocado pelas desditas pretéritas agora apinhadas no peito. Ganhos? Camerísticos. Perdas? Sinfônicas. O espelho novo em folha, reluzente? Capacitado para refletir meus recônditos – motivo pelo qual fui precipitado em me desfazer daquele antigo, trincado, fosco demais: ele não me percebia. Post-scriptum: Adiantaria colocar qualquer espelho de cabeça para baixo no fundo da gaveta? E o tempo? Jogá-lo dentro do baú que fica aqui no canto deste quarto claustro?
Rancor?