#NãoÉMeaCulpa
Entre erros e acertos, não houve mea culpa, mas sim uma tentativa de diluir a responsabilidade
Qualquer crítica ao PT ou ao STF tem o grande potencial de ser rotulada como bolsonarista e pode evoluir para um golpe de estado em segundos, resultando nuns 14 anos de prisão. E qualquer crítica ao bolsonarismo tem o potencial de se assemelhar ao apoio total e irrestrito ao abuso de poder do Supremo sempre suavizado por uma “defesa da democracia” cada dia mais teratológica.
Nesse clima de patrulhamento, onde a crítica rapidamente vira crime, até os gestos mais vagos ganham status de redenção sublime.’
Recentemente, Alexandre de Moraes discursou e saiu com um “entre erros e acertos” e, rapidamente, a imprensa correu para dizer que ele fez um mea culpa. Movimento para gente corajosa, o mea culpa pode até dispensar detalhes e justificativas, mas jamais dispensa assumir a responsabilidade dos atos e arcar com as consequências. Não me lembro de ter visto ninguém no STF fazer isso.
Foi a mesma conversa do PT... todo mundo erra, portanto, o que importa são as boas intenções. Imagine se os magistrados romanos tivessem julgado com base nas intenções dos litigantes. Em vez de jurisprudência, hoje teríamos uma espécie de psicologia emocional do perdão. A noção expressa no “pacta sunt servanda”, de que os contratos devem ser cumpridos, viraria algo como “cumpra os contratos só se a intenção de todos for a melhor”. Quem sabe, hoje estaríamos chamando a guilhotina de “símbolo equivocado do excesso de zelo pelas instituições”.
Como bem diz o provérbio: a estrada para o inferno está pavimentada de boas intenções...
Pregam valores que não cumprem, condenam pecados que também cometem (Arthur schopenhauer). Quem poderá nos salvar desta elite desavergonhada?
Perigoso comentar...