Glenn subjugado não por um, por vários
O Twitter (me recuso a chamar aquilo de “X”) entrou em colapso moral com o vazamento de um vídeo íntimo de Glenn Greenwald.
Se você não viu, sorte a sua. E se viu, espero que não tenha assistido como se fosse notícia.
No vídeo, Glenn aparece de fantasia de empregada doméstica, ajoelhado, sendo insultado por um homem que exige uma transferência de R$ 10 mil no meio da suruba verbal.
E o que mais chocou? O valor da transferência? O fetiche com a classe trabalhadora? O fato de um jornalista gay ter uma vida sexual ativa enquanto critica o STF?
Não, o que realmente deixou metade(?) do Twitter em choque foi a fantasia. Se ele estivesse vestido de juiz do STF, talvez fosse mais aceitável. Submissão com toga já é parte do imaginário nacional.
Mas calma: antes que os defensores da moral, dos bons costumes chiliquem aqui também, Glenn, que é o mais interessado na história, respondeu com mais coragem do que muita gente pública flagrada em vídeo e que até hoje diz que foi IA. Declaração do Glenn:
O Brasil também não deveria. Afinal, que povo hipócrita nós somos! O país que exportou mais bunda do que café, seja pelo carnaval, seja por programas de TV, agora se choca com uma peruca e fetiche doméstico?
Sinceramente? Muito mais chocante foi aquele vídeo em que ele sai na mão com o Augusto Nunes no Pânico, ao vivo, pro país inteiro ver. Aquilo sim é constrangedor.
Essa situação com o Glenn me lembrou outra de um vídeo vazado do Reynaldo Gianecchini se masturbando. A declaração dele:
E é mesmo. A gente não tem uma relação saudável com o sexo. Nós somos obcecados pela performance. Tem vergonha de fantasiar, culpa por sentir desejo, mas adora posar de “bem resolvido” nas redes.
Sempre que vejo famoso falando da própria performance sexual nos portais, penso: parece exibição pura. Soa mais como troféu moral do que libertação genuína. E muitas vezes, nem parece ser verdade...
Não vejo como expressão legítima de liberdade, mas como uma forma contemporânea de vaidade, de narcisismo disfarçado de libertação. A libido não está mais no corpo: está no aplauso. E a repressão, que antes era silenciosa, agora virou conteúdo.
Claro que existem os opositores políticos dele que aproveitaram o vídeo pro achincalhamento público porque o jornalista expôs o conluio entre juiz e procurador. É como se a lógica fosse: um vazamento pelo outro, e seguimos empatados no placar da hipocrisia br.
Mas eu me refiro ao povão que comenta: “olha só ele vestido de empregada, lambendo o pé de um homem e transferindo dinheiro pra ele.”
Não é a minha vibe sexual e tudo certo. Eu vejo, penso “não é pra mim” e sigo a vida. A verdadeira questão não é o fetiche, é o vazamento.
Qual é o problema de um cara se vestir de mulher e se submeter ao sadomasoquismo? Se não vazasse, ninguém saberia. Assim como muita gente não tem a vida sexual exposta.
E para os que estão horrorizados com a “humilhação” no vídeo: olha, se vocês sobreviveram ao governo Temer, à pandemia sob Bolsonaro e ao PT tentando conciliar socialismo com centrão, vocês aguentam ver um jornalista ajoelhado lambendo um pé e vestido de saia.
No fim das contas, espero que o Glenn saia fortalecido dessa. E mais saudável do que outros que continuam escondendo seus desejos debaixo do paletó ou do coturno.
Se a galera achou tudo isso escandaloso, espera só até vazar todas as falcatruas que políticos fazem em Brasília. E detalhe: usando ZERO fantasia.
Se isso aqui te parece progressismo ou “passar pano pro Glenn”, talvez o problema não esteja nele nem neste texto. Tá no espelho.
Tá aí uma coisa que não me interessa, a vida sexual e privada de alguém! Nem dos que gosto, muito menos dos que não gosto! A menos que envolva dinheiro público, não é o caso!
Próximo!
Eu gosto de chamar o tal X de tuiter ou xuiter, de resto , quero que glen e amigos rolem a ladeira a baixo que construíram para o Brasil.