Só por este assunto ter gerado alguma discussão já mostra que não é o jovem prodígio do futebol que realmente precisa de terapia.
E, então, nos deparamos com a moderníssima crise da imprensa: a crença inabalável de que apenas os especialistas (e a própria imprensa que os entrevista) têm o passe livre para declarar o que é a realidade, o que as pessoas precisam...
Deus e família? Nem pensar. Onde já se viu ter uma boa dose de bom senso. É muito narcisismo acreditar nos valores transmitidos por pais generosos e presentes.
Olha o que um desses “especialistas” em psicologia esportiva alegou a respeito da entrevista de Endrick:
Mas eu encontrei a seguinte pérola em resposta ao post do João Ricardo. E isso não pode ser esquecido no limbo dos comentários. É a voz do bom senso, aquela voz que João Ricardo, o psicólogo, não gosta:
"'Algo deu muito errado': Veio da pobreza, tirou a família da dificuldade, não usa droga, vai na igreja, não bebe, não fuma, é educado, não fala palavrão. Vendido por R$ 400m -- um dos atletas mais promissores dos últimos tempos. Mas ele tá precisando mesmo é de conselho seu, João."
Obrigado, Rafa Glau, por colocar um especialista (ou especialiste? hahah) no seu devido lugar.
Enfim, vamos esclarecer um ponto: ninguém aqui está desvalorizando a psicologia. Longe disso. Eu mesmo em minhas insalubres pesquisas de mestrado estudei a relação entre psicologia e filosofia. Gosto bastante da área, e graças a Deus não me tornei um especialista. O que aprendi foi uma importante lição de modéstia (não a falsa): há limites até para o conhecimento científico. Isso não é menosprezo. É reconhecer o devido lugar das coisas. Qual o problema de saber que o próprio saber tem limites?
Endrick, assim como muitos outros atletas, é um devoto cristão, um jovem de família, um pecador e ainda um talentoso goleador. O cara é realmente promissor. Sou palmeirense e digo isso sem clubismo. Por ora, ele não precisa dos especialistas em psicologia. Isso não é menosprezar a profissão de psicólogo. Endrick apenas disse que seus verdadeiros psicólogos são seus pais. Sem desconsiderar o conforto existencial que encontra em Deus.
O que isso significa? O que tanto irritou João, o psicólogo? Simplesmente que ele encontra seu equilíbrio emocional na família e na fé. Não é uma desvalorização dos psicólogos; pelo contrário, é até um elogio.
Prometo que vou falar sério. Pessoalmente, acho o trabalho de psicólogo fundamental para quem precisa, mas não necessário para todo mundo. Assim como acho o trabalho do filósofo essencial, mas de longe necessário. No Jogo da Vida, o de tabuleiro da Estrela (alguém ainda lembra?), quem ganha vira magnata, quem perde, filósofo. Perder no jogo da vida não é nada em comparação a virar um ressentido especialista em psicologia.
O problema é que João não quer ser substituído por nenhuma outra divindade. Talvez o conhecimento científico o tenha dado a ilusória sensação de onipotência, onipresença, onisciência e suma bondade. O mito do progresso científico criou esses pequenos deuses mesquinhos: conhecimento é poder, poder é controle, controle é aperfeiçoamento.
E, claro, quem é melhor para aperfeiçoar o mundo senão os especialistas? Deuses não aceitam concorrentes.
Valeu, Francisco Razzo! 🙌
O atleta falou de maneira simples sobre o conforto familiar e da fé!
Essa gente metida a especialista, críticos e a imprensa, não toleram isso; o cara não falou de vitimismo, não fez apologia às suas conquistas e não levantou nenhuma "bandeira" atual!
Ele em momento nenhum fala mal dos psicólogos, pelo contrário, ele tem vários!
"Qual sua opinião, leitor"? Por que o público tem que ter opinião a respeito de tudo, inclusive sobre a vida particular do jogador? Resposta: para atrair manifestações, prós e contras, e gerar acessos. O jornalismo acabou.