Circula uma fake news de que os palestinos foram expulsos de Israel. Vamos aos fatos.
Era uma vez um território no Oriente Médio ocupado pelo Reino Unido onde judeus e árabes viviam quase em paz. Quase.
Em 1947, numa sessão da ONU presidida pelo brasileiro Oswaldo Aranha, foi sugerida a partilha de parte desse território para criar dois países, um para os judeus e outro para os árabes.
Os árabes não aceitaram e no dia em que Israel foi criado, 15 de maio de 1948, Egito, Síria, Iraque, Cisjordânia, Líbano e Arábia Saudita (veja que não existia país Palestina), declararam guerra a Israel. Foi a chamada Guerra da Independência.
Mesmo com exércitos centenas de vezes maior e mais bem armados que o exército do novo país, Israel, os seis países foram derrotados. Podemos imaginar a humilhação que foi para esses xeiques e ditadores. Nenhum desses seis países eram (como não são até hoje) democracias.
Os ditadores da Síria e do Iraque precisaram achar culpados pelo fracasso. É claro que culparam os milhares de judeus sírios e iraquianos pela derrota, como se os judeus desses países tivessem algo a ver com a guerra. Em retaliação, expulsaram os judeus que viviam nesses países há quase três mil anos! No Iraque, os judeus viviam desde os tempos de Nabucodonosor. Foi o fim das comunidades judaicas no Iraque e na Síria.
A Arábia Saudita e a Cisjordânia só não expulsaram os judeus porque não havia judeus nesses países.
Quatro anos depois, em 1952, o general Nagib derruba o rei Faruque do Egito. Depois, o coronel Gamal Abdel Nasser assume o poder e em 1956 expulsa os judeus egípcios. O movimento se espalha pela Argélia, Tunísia, Líbia, Marrocos, Líbano e Yemen.
No total, por volta de 900 mil judeus são expulsos dos países árabes onde viviam há milhares de anos.
Atualmente não existem 50 judeus em todos os países árabes.
E os palestinos?
Durante a Guerra da Independência de 1948, alguns milhares de árabes foram expulsos de suas casas pelo exército israelense porque lutavam contra Israel. Outros milhares decidem sair de Israel por conta própria. Vão para o Líbano, Cisjordânia e Síria. Até então não eram palestinos, eram árabes que viviam naquele território ocupado pelo Reino Unido, como escrevi no começo deste texto. Passaram a viver com o status de refugiados e adotaram o nome de Palestinos. Assim surgiram os Palestinos que nunca existiram antes de 1948. Eram todos árabes e somente árabes. Não existe a língua palestina, a cultura palestina, o alfabeto palestino, a comida palestina. São todos árabes.
Os palestinos se tornaram “refugiados” que vivem às custas de uma organização da ONU, a UNWRA, Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Médio. Uma agência criada especialmente para os refugiados palestinos há, pasmem, 77 anos! Estão na quarta geração. E apesar da UNWRA receber bilhões de dólares dos países ocidentais, ainda mantém os palestinos com o status de refugiados.
Foi comprovado que no ataque de 7 de outubro que funcionários da UNWRA apoiaram, participaram do massacre e do sequestro de civis israelenses.
Mais uma informação chocante: os palestinos que escolheram virar refugiados na Jordânia, sofreram um brutal ataque do governo jordaniano em setembro de 1970. O rei Hussein Bin-Tal, pai do rei atual, ficou com medo de que os palestinos o derrubassem e matou 10 mil no famoso setembro negro, que virou o nome de um grupo terrorista.
Outra informação: os campos de refugiados palestinos no Líbano foram uma das causas da guerra civil libanesa na década de 1970.
Então, quem quer os palestinos, quem os recebe de braços abertos? Os libaneses não. Nem a Jordânia, nem o Egito, nem o Catar, nem a Arábia Saudita, nem o Irã. Ninguém.
Enquanto aqueles milhares de árabes foram expulsos ou fugiram de Israel, centenas de milhares de árabes decidiram ficar em Israel e estão muito bem, obrigado. Atualmente são 2 milhões de muçulmanos que vivem em Israel com os mesmos direitos que os judeus. O que prova que não há apartheid e nem genocídio.
E os 900 mil judeus expulsos dos países árabes? O que aconteceu com eles?
Uma boa parte foi para Israel. Outros foram para o Canadá, Estados Unidos, Brasil, França, Panamá e tantos outros países do Mundo e não pediram o status de refugiados. Não existe uma agência da ONU para os judeus expulsos dos países árabes. Eles olharam para a frente, reconstruíram suas vidas e se tornaram americanos, canadenses, brasileiros etc.
Suas propriedades, empresas e bens foram confiscadas pelos governos dos países que os expulsaram. Até mesmo a cidadania foi cassada, todos foram expulsos como apátridas.
Para conhecer mais detalhes dessa história, ouvir relatos de judeus expulsos dos países árabes, do que aconteceu naquele período, assista ao meu documentário Laissez-passer (o nome do documento que permite a um apátrida sair de um país e chegar em outro), liberado no YouTube.
Marcio, parabéns por esse também. Sensacional, informativo, emotivo, e muito pessoal, muito humano. 900.000 é um número trágico, mas com as histórias que você conta de cada um, com os sotaques, com a inteligência de todos eles, é um alento. Você se diz pessimista, mas um filme desses... é de um otimista. Obrigada!
Muito obrigada Márcio. Minha família e a do meu marido fazem parte desses 900 mil judeus expulsos .. foram para onde foram aceitos : Argentina, Brasil, França, Itália, Canadá. Todo mundo acha bacana eu ter primos em todo lugar ...mas sei como minha avó e meus pais sofreram de se separar de pais filhos e irmãos.