#NatalcomPauloFrancis
É preciso resgatar a memória daquela meia dúzia de figuras extraordinárias que, por pura sorte, brotaram em nosso bananal
O primeiro Natal que passei com Paulo Francis foi em Veneza, quando ele tirou uma soneca na catedral de São Marcos, durante a missa do galo, com a boca escancarada, roncando.
O segundo Natal que comemorei com ele foi em Paris, em 1996, a seis semanas de sua morte. Ele estava feliz porque a pendenga com a Petrobras - que lhe meteu um processo de cem milhões de dólares depois que ele acusou seus diretores de serem corruptos - estava praticamente resolvida.
Neste domingo, o Manhattan Connection vai ao ar bem na hora da ceia de Natal. Ninguém vai ver. Mas tem um clipe fabuloso - um verdadeiro presente - em que Paulo Francis debocha do especulador imobiliário Donald Trump, associando-o a banheiros públicos e à necessidade urgente de evacuar. Não há nada melhor na TV - e na imprensa - do que uma reprise de Paulo Francis. De agora em diante, de fato, o Manhattan Connection vai transmitir esses seus velhos clipes, até 4 de fevereiro, data de sua morte, quando exibiremos um especial que Lucas Mendes conseguiu com a Globo, para resgatar a memória de Paulo Francis e comemorar os trinta anos de programa.
Este site não vai durar trinta anos. Já será um sucesso se durar um ano. Mas um de seus propósitos é exatamente esse: tentar resgatar a memória daquela meia dúzia de figuras extraordinárias que, por pura sorte, brotaram em nosso bananal. Os livros de Paulo Francis, por exemplo, estão fora de catálogo. Se arrumássemos um jeito de republicá-los aqui, já daríamos um sentido ao site - e aos dez reais de sua assinatura. Bom Natal.
Meu pai, já falecido, era um grande admirador e, claro, leitor incondicional do Nelson Rodrigues e do Paulo Francis. Na casa dele tem todos os livros desses dois notáveis brasileiros. Era espectador assíduo do Manhattan, desde o início. Depois, se tornou admirador também do Diogo. Todos aqui, felizmente, fomos “contaminados”. Pra nós, será duplamente um prazer e uma emoção acompanhar essas homenagens. Desde já, agradecemos. Vida longa ao programa e ao naoeimprensa. Vale cada real.
Belo projeto.