#NenhumMalDuraParaSempre

Como Phillip Grandchild conseguiu falir seu clube do livro

Assim os jornalistas noticiaram a desventura do garoto espertinho.

O resumo da ópera é que o reizinho do youtube perdeu o interesse pela literatura porque rendia poucos likes e nenhum dinheiro.

Mas a gente pode esticar essa história com detalhes mais sórdidos, afinal, o estagiário tá aqui de plantão, com tempo sobrando e com certa satisfação em falar mal de uma das figuras mais deprimentes produzidas pela cultura pop adolescente.

Há alguns anos circula na internet uma clássica teoria da conspiração que traça uma linha direta entre o atentado às torres gêmeas e a crise linguística entre os jovens da geração Z em Portugal.

Esse curioso efeito borboleta começa com um rapaz que trabalhava como estagiário nos estúdios de animação da Cartoon Network. Pela janela de seu escritório ele pôde ver aquela cena inimaginável de um avião colidindo com o World Trade Center, no ataque terrorista de 11 de setembro de 2001.

Traumatizado por ter sido testemunha ocular do trágico acontecimento histórico, o pequeno estagiário desistiu de seu trabalho como como ilustrador para investir no sonho de uma carreira musical. Seu nome era Gerard Way. Mais tarde ele ficaria conhecido mundialmente como vocalista da My Chemical Romance, uma das bandas de rock mais bem sucedidas dos últimos tempos, com quase 20 milhões de ouvintes mensais do Spotify.

Como músico, o ex-ilustrador sempre teve uma grande preocupação em trazer conceitos românticos mais profundos aos seus álbuns e, por serem frutos diretos da cena emocore dos anos 90, a estética da banda, em todos os aspectos, sempre foi muito melancólica e, especialmente em seu primeiro CD, bastante vampiresca.

Assim, a banda melancolia romântica e vampiresca inspirada por um ataque terrorista, inspirou uma fã e aspirante a romancista a se empenhar na criação de fan-fics. Ao juntar a estética melancólica e vampiresca com alguns aspectos mitológicos e morais de sua própria religião, o mormonismo, Sthepanie Meyer acabou dando início a uma das franquias adolescentes mais lucrativas dos idos de 2010: a saga Crepúsculo.

O sucesso da obra de Meyer é indiscutível – o mesmo, no entanto , não pode ser dito da qualidade de seu trabalho. A maior prova foram as igualmente lucrativas adaptações de sua obra ao cinema, arrebatando toda uma geração de adolescentes carentes e com senso estético duvidoso.

A saga adolescente melancolia romântica e vampiresca, inspirada na banda de rock melancolia romântica e vampiresca, que arrebatou uma geração de adolescentes carentes e com senso estético duvidoso, inspiraram um garotinho carioca, também carente e com senso estético duvidoso, a ligar uma câmara e ficar famoso com opiniões irrelevantes sobre assuntos irrelevantes.

Um de seus vídeos escarnecendo a história de Meyer viralizou entre os jovens carentes e com senso estético duvidoso e aquele garotinho carioca foi catapultado à fama. Hoje é conhecido como Felipe Neto, o reizinho do youtube.

Não há nada ruim que não possa piorar. Com a fama, o garotinho carioca ajudou a tornar conhecido um irmão, cujo talento era gravar vídeos tomando banho de Nutella. Por alguma razão que só a ignorância brasileira conhece, Lucas Neto, sim, o irmão, em pouco tempo se tornou o maior fenômeno infantil brasileiro.

Não há nada ruim que não possa piorar. Não eram irresponsáveis apenas os pais brasileiros. Logo, Lucas Neto, sim, o irmão, acabou se tornando um fenômeno também em Portugal.

Como o consumo de um influencer brasileiro cresceu assustadoramente entre as inocentes criancinhas portuguesas, aos poucos palavras como bicha, relva e autocarro foram sendo substituídas por fila, grama e ônibus.

E pensar que toda essa destruição teve início com um atentado terrorista em 2001.

Mas a maldição pode ter chegado ao fim com a falência desse Clube do Livro do garotinho carioca, carente e com senso estético duvidoso.

Porque se não há nada ruim que não possa piorar, também não há mal que dure para sempre.