#NinguémQuerLer
Com 10 anos de atraso, os gurus do mercado editorial descobriram a roda
Acompanho as pesquisas do mercado editorial há mais de 10 anos. A primeira, em 2011, já apontava uma tendência de diminuição do público leitor. Vieram as outras que confirmavam a tendência. O Brasil perdia 10% de leitores por ano.
Agora, o último levantamento da CBL/Snel mostra que o faturamento do setor editorial brasileiro está em queda-livre desde 2006.
O problema não é apenas de mercado, mas de cultura. Porque a decadência da literatura se expressa na decadência de todo o país.
Mas os gurus do mercado editorial estão muito preocupados. Nos últimos dez anos, eles se preocuparam em apenas ganhar dinheiro. Com a crise, estão preocupados em como continuarão a ganhar dinheiro.
O presidente da Câmara Brasileira de Livros (CBL), Sevani Matos, choraminga:
Os resultados são preocupantes e refletem a redução no número de leitores, aliada à falta de políticas públicas consistentes para incentivo à leitura, que tem afetado diretamente o setor. Precisamos avançar com iniciativas e mobilizações para reverter esse quadro e fomentar a leitura, essencial para o desenvolvimento educacional e cultural do país
O presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), Dante Cid, rasga as vestes:
Em um país com um índice de leitura já tão baixo, como demonstrado na Pesquisa Retratos da Leitura, é desalentador observar esta contínua queda nas vendas.
A verdade é que ninguém jamais se preocupou com a queda do número de leitores, ano após ano. O mercado editorial virou uma enorme picaretagem, com faturamentos sem lastro, manipulação de lista dos mais vendidos e um monte de autores de mentira usando e abusando dos ghostwriters. O fim trágico é ter de apelar a instagramers e tiktokers para garantir alguma receita, vendendo uns livrinhos caça-níqueis.
Enquanto isso, os eventos literários se tornaram meros encontros elitistas de uma burguesia cada vez mais esnobe e estúpida.
As revistas de livros ficaram cada vez mais pobres, com ensaios inócuos e um bando de gente desclassificada que passa a maior parte da vida bajulando filhos de banqueiros para poder saldar as dívidas no cartão de crédito – porque vivem gastando o que não têm nos encontros elitistas de uma burguesia cada vez mais esnobe e estúpida.
Enquanto isso, os verdadeiros escritores do Brasil vivem de tradução e da indignidade do “ghostwriting”.
O que não está em decadência nesse país?
Nem golpe militar a gente sabe mais fazer.
Terra arrasada mesmo
O país que endeusa psicopatas e ex-presidiários, não pode esperar muito mais do que isso. Esses “líderes” adoram a ignorância e a “cultura” engajada, fundamental para se dominar a população. Se “uma nação se faz com Homens e livros”, pobre de pindorama que não tem nem um, nem outro.