Nos últimos dias, uma pesada neblina tem se manifestado nas cidades de Santa Catarina. O Sol, por trás da bruma, é fotografado como um círculo laranja. A cena curiosa é consequência das queimadas que acontecem a 3 mil quilômetros dali, mais especificamente na floresta amazônica. Os focos de queimadas na região nunca foram tão altos e a grande imprensa, que antes acusava do governo passado pela responsabilidade da destruição, agora aponta o dedo para eventos genéricos e despersonalizados, como “a seca”.
Se até 2023, o único responsável direto pelas queimadas amazônicas era o ex-presidente Bolsonaro; com Lula as manchetes foram paulatinamente mudando, para criar uma nova narrativa que não culpasse o novo governo.
Em 31 de outubro de 2022, por exemplo, a Folha de São Paulo era taxativa: “Incêndio na Amazônia está mais ligado ao uso do fogo em pastagem e ao desmate do que à seca, diz estudo”. Esse foi praticamente o padrão das notícias sobre o assunto de 2019 até 2022. Só que a partir de 2023, as manchetes começam a ser diferentes.
Em 18 de outubro de 2023, quase um ano depois, o tom das manchetes na mesma Folha de São Paulo é o seguinte: “Entenda as causas da seca extrema na Amazônia”. Se em 2022 o fogo tinha pouca relação com a seca, no governo petista a seca vira o grande vilão. Tudo, claro, para não apontar o dedo para “o governo do amor”.