Filipe Martins, o Frei Caneca do Bolsonarismo, foi solto por Alexandre de Moraes. De acordo com o relato da Folha de S.Paulo, o alvará com a decisão chegou ao presídio nesta sexta-feira, dia 9.
Ainda segundo o jornal da Barão de Limeira:
A liberdade provisória de Martins ficou condicionada a medidas cautelares, como obrigação de se apresentar perante ao juízo da execução penal da comarca de origem, no prazo de 48 horas, e comparecimento semanal, todas às segundas-feiras.
Ele também está proibido de se comunicar com outros investigados no caso e de usar redes sociais, sob pena de multa diária de R$ 20 mil por postagem, e de ausentar-se do país, com obrigação de realizar a entrega dos seus passaportes em cinco dias.
Desse modo, Martins certamente não poderá acompanhar, comme il faut, a repercussão dos Jogos Olímpicos de Paris, que chegam ao seu termo neste fim de semana. O ex-assessor internacional de Bolsonaro dificilmente estará atualizado com as polêmicas envolvendo os participantes dos jogos – uma delas em particular merece destaque porque Martins, no passado, chegou a ser processado por protagonizar um gesto considerado como uma alusão racista. O texto da Folha tenta explicar, mas só ajuda a construir a fama de anti-herói da extrema direita:
A função de Martins envolvia atuar como ponte entre o chanceler e o Palácio do Planalto.
Durante o governo, ele protagonizou episódios por declarações e gestos. Chegou, por exemplo, a ser indiciado pela Polícia do Senado, que concluiu que um gesto feito às costas do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, durante sessão, tinha conotação racista.
O gesto em questão é o sinal de OK. Na década de 1980, era possível vê-lo em filmes como Um Tira da Pesada – e, até onde consta, não me parece que o personagem do detetive Axl Foley – e muito menos Eddie Murphy, o ator que o protagonizava – fosse um artífice dos supremacistas brancos. Ainda assim, o UOL aponta que o gesto pode ser:
Símbolo de "OK" pode representar "poder branco". Para grupos de extrema direita, os três dedos esticados simbolizam a letra "w", uma referência à palavra em inglês "white" (branco). Já o círculo formado representa a letra "p", para a palavra "power" (poder).
"Trolagem" extremista. Segundo a Liga Antidifamação (ADL, na sigla em inglês), órgão americano que monitora crimes de ódio, a origem da nova conotação surgiu a partir de uma campanha de boatos entre membros do fórum 4chan. Em fevereiro de 2017, um usuário anônimo do fórum anunciou a "Operação O-KKK". Ele pedia a outros membros para inundar as redes sociais, alegando que o sinal de "OK" era um símbolo da supremacia branca americana
Entendeu, leitor do NEIM? Porque uns garotos na internet começaram a fazer trolagem, a Liga Antidifamação dos Estados Unidos determinou que o símbolo era dos supremacistas. É evidente que, com a ascensão de Jair Bolsonaro ao poder, pensatas como esta passaram a se tornar referência extraoficial nos manuais de redação dos jornais (e também para os inúmeros especialistas que surgiram sem qualquer respaldo acadêmico e que foram ungidos como autoridades no debate público). De repente, se você soubesse que o símbolo OK era supremacista branco, você era preparado para captar o “apito de cachorro” para o golpe que estava em marcha. Imaginem a Fatima de Tubarão respondendo ao apito de cachorro.