#OArcoÍrisDaIdeologia
Precisamos parar com o vício da reflexão política contemporânea que reduz tudo à esquerda e à direita.
Somos todos humanos, logo pensamos de maneiras muito parecidas. Como Steven Pinker deixou claro em um de seus livros mais importantes, a natureza impede que sejamos uma tábula rasa. Ainda que tenhamos a ilusão de que a maioria das nossas escolhas sejam deliberadas e oriundas de complexos processos racionais, na verdade elas são instintivas, intuitivas e provenientes da mesma matéria-prima: o limitado pool genético do DNA. Nossas escolhas políticas não fogem a essa regra.
As diferentes visões políticas estão relacionadas ao nosso entendimento moral do mundo, cujas raízes estão na psicologia evolutiva. Para o psicólogo social Jonathan Haidt, autor do livro The Righteous Mind, todas as matizes ideológicas são baseadas em apenas seis fundamentos morais: Cuidado, Justiça, Lealdade, Autoridade, Santidade e Liberdade.
Para compreendermos um pouco da tese de Haidt, vamos exemplificar dois dos pilares mais discutidos em debates políticos: justiça e liberdade.
Comecemos pela justiça: todas as ideologias a almejam de certa forma. O grande diferencial é que, para algumas pessoas, a justiça social deve estar acima da meritocracia, enquanto que, para outras, a situação é inversa.
Nesse aspecto, a proporcionalidade parece mais vinculada a um senso de justiça para os conservadores à direita, que querem fazer o criminoso pagar pelos seus crimes (“do the crime, do the time”), do que para os liberais à esquerda, que querem reabilitá-lo (“an eye for an eye makes the whole world blind”), preferindo compaixão à proporcionalidade.