#OCalorDosHolofotes
Em entrevista ao Estadão, Gilmar Mendes revelou que o STF salva a democracia, mas também salva vidas
Muitas figuras, ao longo da história, frustradas com algum tipo de aspiração artística ou intelectual não atendida, canalizaram suas frustrações para o exercício do poder com alguma intensidade vingativa. Como se a sociedade devesse pagar por não ter lhes prestado a devida reverência.
A constante exibição pública de gosto artístico refinado, da quantidade de livros lidos ou do domínio de línguas estrangeiras pode até ser uma genuína necessidade em algumas carreiras profissionais. Para outras, são apenas ornamentos de quem tem o profundo desejo de se mostrar como modelo civilizatório. Um disfarce sofisticado, mas que nem sempre oculta completamente aquilo que se deseja esconder.
Mas esse não é o rumo dessa prosa.
Em entrevista ao Estadão, Gilmar Mendes apareceu sorrindo, entre referências à arquitetura e às artes, exaltando o trabalho brilhante que faz, há mais de 20 anos, à frente da Suprema Corte.
Entre conversas sobre Brasília, sua esposa, Pelé e sua poliglotice, destacou que há um consenso no STF: ser contra a censura. Nos casos de ataques à honra, a avaliação judicial é necessária, enfatizou Gilmar. “Ironia ou palavra dura não são necessariamente crimes”.
Portanto, que Deus nos livre – e nos julgue – em qualquer suspiro sarcástico fora de hora. Que nos afaste do crime da ironia e da palavra dura. Navegamos à mercê de um “necessariamente” como quem desliza sobre águas turvas.