O estagiário passou o dia das mães na casa dos parentes. E aí teve a chance de folhear a edição corrente da revista VEJA. Como era de se esperar, a cobertura da publicação da tragédia do Rio Grande do Sul traz um apanhado completo, embora cheio de exclamações, a respeito das mudanças climáticas. Mas o que efetivamente “chama a atenção” (como diria a sacerdotisa Renata LoPrete) é o texto da revista a respeito da série Feud: Capote vs The Swans.
Num passado remoto, época da novela Avenida Brasil, o estagiário bem se recorda de quando a VEJA cravou o seguinte diagnóstico: “Tufão [personagem da novela interpretada por Murilo Benício] virou o esteio moral da nação”. Aqueles eram tempos pré-Lava Jato, e a imprensa ainda afetava certa repugnância contra a corrupção, mesmo nos costumes.
Mas esses tempos passaram, e agora o tom da cobertura é outro. Se, há 12 anos, o tom buscava certa ideia de virtude, agora a corrupção começa na linguagem – isso não é pouca coisa quando se lê a chamada no Twixtter:
Série ‘Feud’ retrata barraco real de Truman Capote com dondocas de NY
Com uma chamada tão sofisticada assim, é de se imaginar que o departamento de mídias sociais está a cargo de um jovem de 18 anos, que aprendeu a expressar seus sentimentos vendo a fina flor dos programas da tarde na TV aberta brasileira.
Era o que estagiário pensava até pegar a revista neste domingo de dia das mães. E lá está o título, como um pedaço de feijão nos dentes da frente: