#OChefãoVoltou

Quando um grande artista visita o Brasil e ninguém sabe se comportar diante dele.

Francis Ford Coppola veio ao Brasil para promover seu novo filme, Megalópolis.

Toda a bolha de cinema nas redes sociais entrou em surto coletivo. Finalmente teria a chance de conversar com uma lenda viva.

Na cabine exclusiva para jornalistas e influenciadores, o estagiário foi obrigado a dar conselhos a um apresentador famoso de podcast sobre se deveria assistir ou o filme numa tela IMAX; testemunhou uma estrela global mostrar desconhecimento total sobre uma das estrelas do longa (no caso, era sobre Shia LeBouf); e, depois da exibição do filme, ao questionar um crítico de cinema renomado sobre se este teria entendido uma referência cinematográfica comum a qualquer cinéfilo de carteirinha, a única resposta que obteve foi “não vi nada disso”.

Isso foi apenas a amostra do que Coppola iria encontrar nas coletivas de imprensa.

Durante as entrevistas, ele ouviu observações sobre as cores das suas meias; sobre se ele gostava de diretoras mulheres (lembrando que sua filha, Sofia, é uma das cineastas mais célebres do mundo atual); sobre se ele achava que a Marvel fazia cinema de verdade e - last but not least - a eterna anedota sobre Glauber Rocha ter chorado no sofá da sua casa.

Coppola enfrentou tudo isso com a serenidade de um estadista romano embebido de estoicismo.

O fato é: no Brasil, todas as oportunidades são perdidas. Você tem na sua frente o Goethe do cinema - e o que faz? Pergunta sobre a andorinha que gorjeia no lado de cá.

O subdesenvolvimento não é apenas uma questão de economia. É também uma questão de caráter.

Abaixo, um ensaio sobre a vida e a obra de Coppola que fará a alegria da sua sexta-feira:

O Mergulho Nas Trevas