Donald Trump sequer assumiu – na verdade, há exatamente uma semana, os sabujos da imprensa tradicional já estavam coifando a barba para dizer que a democracia venceu (too soon?) –, mas os mesmos analistas que saudaram o verão da Kamala agora preveem choro e ranger de dentes na economia com o Laranja na presidência dos EUA.
Mesmo em 2016, a ascensão de Trump era vista, na melhor das hipóteses, como uma consequência inesperada da globalização. De acordo com essa linha de raciocínio, os eleitores do republicano o escolheram porque foram deixados para trás no movimento que levou a planta das indústrias para outros países; pais de família de formação média, satirizados nas animações televisivas por Homer Simpson (Os Simpsons) ou por Peter Griffin (Family Guy), foram, assim, capturados pela raiva de não terem mais sido contemplados pelas benesses do Partido Democrata, que, por sua vez, abandonou o corpo a corpo junto aos sindicatos e preferiu, de um lado, se encastelar nos cabeças de planilha de Harvard; e, de outro, fazer florescer o Vale do Silício, responsável pelas inovações tecnológicas da última década.