#OImpérioEmSilêncio
O Reino Unido, berço do parlamentarismo moderno, da liberdade de imprensa e do liberalismo clássico, vive hoje sob uma ordem pós-democrática
O nome do novo regime é eufemístico — Online Safety Act — mas seus efeitos são brutais: censura algorítmica prévia, repressão policial a postagens, vigilância digital de dissidentes e, agora sabemos, um esquema de imigração clandestina patrocinado pelo próprio governo e acobertado por mecanismos judiciais de invisibilização da verdade.
Esse último escândalo, chamado por alguns veículos independentes de “Watergate britânico”, acaba de ganhar contornos ainda mais inquietantes. Descobriu-se que o Ministério da Defesa, sob ordens tanto do governo anterior quanto do atual, realocou secretamente milhares de estrangeiros— sobretudo afegãos — em hotéis e bases militares pelo país ao longo dos últimos dois anos. O detalhe aterrador: tudo isso foi feito sem informar o público, e sob o manto de uma “superinjunction”.
Para quem nunca ouviu o termo, trata-se de uma figura legal perversa: uma ordem judicial que não apenas proíbe a imprensa de noticiar determinado assunto, como também proíbe qualquer menção à existência da própria ordem judicial. Ou seja, uma espécie de apagamento institucional da realidade. Jornalistas foram ameaçados de prisão caso ousassem sequer reconhecer que havia uma ação judicial em curso. A censura, aqui, deixou de ser apenas um risco — tornou-se protocolo.