#OInfernoDeDirceu
O velho petista não pretende sair da escuridão para “rever as estrelas”. Ele quer se manter perdido na selva tenebrosa.
José Dirceu reaparece na cena do crime política como aqueles personagens de comédia que, expulsos pela porta da frente, retornam pela janela, com a convicção inabalável de que o destino sempre lhes deve um aceno.
Zé Dirceu se tornou um velho retórico. Olha por cima dos óculos, dá um sorrisinho maligno e pergunta à jornalista algo que ele mesmo tem a resposta:
— “Sabe por que o diabo é sábio?”…
— “Porque é velho!”.
Ele se compara ao capeta. Faz sentido. O endiabrado Zé Dirceu aprontou muito na vida. Fez coisas que até o cramulhão duvida.
Mas retornou, segundo ele, diabolicamente “sábio”.
Ninguém duvida.
Na sua infernal sabedoria, diz que, na política brasileira, ninguém morre, apenas muda de figurino. E cada morto-vivo carrega sua legião de devotos sempre dispostos a acreditar na lorota da perseguição política.
Ele continua afirmando que o mensalão não existiu, que o petrolão foi uma farsa montada pela CIA para desmoralizar a esquerda latino-americana. Ele até admite que o PT se engalfinhou na corrupção e a grana rolou solta, mas não era compra de votos, era “só caixa 2”. Tá certo!
O velho e infernal sábio do PT garante que, diferente de Bolsonaro, jamais se “vitimizou”, embora adote o discurso ordinário de que a Lava Jato foi apenas uma perseguição a cidadãos honestos que, um dia, e sem querer, assaltaram os cofres das estatais porque foram obrigados e oprimidos pelo sistema de degradação moral que se tornou a política brasileira.
Mas o velhaco petista sempre soube, assim como Lula, Dilma Rousseff e Antonio Palocci, de onde vinha o dinheiro para as campanhas e, depois, para manter o que o ex-supremo-ministro Celso de Melo classificou como “projeto criminoso de poder”.
O diabo mora nos detalhes.
No cenário atual, Dirceu afirma que “não existe polarização; existe politização”. É verdade. Por isso o PT, em troca de apoio, sempre esteve aberto a leiloar as estatais para os corruptos do Centrão.
O caminho do inferno está sempre pavimentado de boas intenções.
Para a infelicidade dos que ainda acreditam em ideologias, Dirceu afirma realisticamente que “a base do governo (hoje) é de centro-direita”. E que os petistas mais assanhados “não podem se iludir e achar que o Lula pode fazer coisas que não pode”.
Como Dante no oitavo círculo, poderíamos até identificar as dez valas concêntricas onde eram jogados os corruptos e os fraudadores.
O que se pode ou não se pode na tabela de valores petistas, podemos imaginar.
“del no, per li denar, vi si fa ita” / “do não, por dinheiro se faz sim”, diz o verso infernal da Divina Comédia (Canto XXI, 42).
No fim, tudo soa como uma história que já foi contada muitas vezes. É tudo enfadonho. É tudo repetitivo.
Nos resta apenas lamentar e aguardar o próximo escândalo.
Enfim, Zé Dirceu está de volta.
Mas diferente dos versos finais do inferno dantesco, ele não pretende escalar as costas geladas do demônio, agarrando-se à sua couraça aveludada até alcançar a montanha e, depois do precipício, encontrar a saída na fenda daquele riachinho, onde entraram, primeiro Virgílio e depois Dante, que aos poucos foram vendo surgir todas as coisas belas que apontam para o céu.
Dirceu não pretende sair da escuridão para “rever as estrelas”. Ele quer se manter perdido na selva tenebrosa.




Não sei o que pensar sobre o Estadão! Dar 1 página inteira de entrevista para o bandido corrupto condenado pelo Mensalão e Petrolão Zé Dirceu é de se questionar o que eu ainda faço pagando uma assinatura de um jornal que se preocupa mais em contentar os donos do poder do que fazer jornalismo. Nossa imprensa convencional é um lixo! Sem mais.
Caro Diogo Dois, seu xará mais famoso tem razão: é melhor parar de acompanhar a cena política, é tudo muito repetitivo, enfadonho e imoral com um adendo: não há mais ninguém honesto, nem um só parlamentar que preste ou seja digno do cargo de síndico. Se uma quadrilha de bandidos do Legislativo inspeciona outra quadrilha no Executivo, tudo avalizado pela quadrilha do Judiciário este é o Brasil que temos para o jantar 🥘