#OJardimDosFinzi-Contini(4)
O tema da identidade (ela, sempre ela), a simbologia e suas fontes, usadas por Giorgio Bassani para contar a história milenar dessa família
Parte 4
A questão da identidade na obra de Giorgio Bassani tem muitas camadas. Os judeus sefaradi, representados pela família de Micòl, são mais tradicionais, mais emotivos, a expressão exterior das emoções é vista como autrenticidade.
Na sinagoga, o pai do narrador zomba ao ver os Finzi-Contini beijando avidamente os rolos da Torá:
...inclinam-se impetuosamente para além do banco, beijando o máximo de bainhas de manto que pudessem, com uma ânsia e uma ganância quase indecentes.
Essa demonstração de fé apenas confirma a crença do pai de Giorgio no antissemitismo subterrâneo e persistente dos Finzi-Contini: por serem mais judeus do que os judeus, eles estão traindo o consenso judaico italiano e, portanto, podem ser considerados "objetivamente" antissemitas.
Entre si, os Finzi-Contini falam uma mistura de ladino (idioma judaico espanhol), italiano e francês. A diferença em termos de recursos financeiros e o fato de viverem bastante isolados do resto da comunidade não ajuda a integração, ...o antigo insulto da rejeição e separação, aqui reproduzido dentro da comunidade.