#oMalDoMundo
A Folha esculhamba Orbán, sem perceber que os motivos servem perfeitamente para criticar o progressismo que ela mesma defende
Eu já disse aqui que, na minha juventude, toda ética se resumia em repudiar o mal encarnado numa só pessoa: Paulo Salim Maluf.
O mundo evolui e tudo muda para continuar como sempre foi.
Para a Folha, Viktor Orbán se tornou o Paulo Maluf do mundo.
A Folha tentou explicar os perigos do conservadorismo húngaro, mas não percebe que todas as críticas à ideologia de Orbán servem perfeitamente para criticar o progressismo que a Folha defende todos os dias nas suas páginas.
A repórter do jornal foi à Hungria tentar entender a ascensão do pensamento conservador. O problema é que ela já saiu daqui com todas as respostas na cabeça. “Ataque à democracia”; “autocrata”; “perigo”, “ameaça”…
O subtítulo da matéria é uma espécie de texto abstrato que serve a qualquer político:
“O primeiro-ministro húngaro adotou estratégia milionária para difundir política iliberal e aumentar a sua influência global”.
A esquerda progressista não faz o mesmo para difundir política liberal e aumentar sua influência global?
Mas a repórter da Folha precisava cumprir todos os rituais impressos no manual de redação. É preciso constar, em toda matéria, a opinião de um especialista.
Bálint Magyar, pesquisador da Universidade Centro-Europeia, fundada pelo bilionário judeu George Soros e expulsa do país por Orbán,
[explica que] a ideologia fundamental do governo Orbán é o nacionalismo cristão, sustentado na tríade Deus, nação e família.
(…) a função do valor nação é excluir a oposição e permitir que o governo não preste contas da sua atuação. Os grupos estigmatizados nesse caso são os partidos de oposição, a sociedade civil e organismos internacionais.
Ou seja, como um típico populista, Orbán elege inimigos e desenvolve uma retórica de "nós contra eles". Assim ele insere a população em um estado de constante guerra psicológica e mobiliza seus eleitores a apoiá-lo.
Mas a esquerda progressista não faz o mesmo ao excluir a oposição do debate público, ao estigmatizar grupos com ideias contrárias, ao adotar o populismo barato, a guerra psicológica e o “nós contra eles”?
A jornalista da Folha continua:
As instituições conservadoras financiadas pelo governo costumam convidar pesquisadores de outros países para passar um tempo na Hungria. Alguns ficam por longos períodos, estudando, e outros por apenas uma ou duas semanas, em seminários ou conferências.
Mas a esquerda progressista não faz o mesmo?
Há ainda outro motivo para o governo investir tanto nesses institutos. Para Orbán, é importante que o pensamento de direita se espalhe pela sociedade húngara. O governo quer construir uma elite intelectual que apoie líderes conservadores a longo prazo.
Mas a esquerda progressista não faz o mesmo?
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Em 2022, lancei um livro que foi completamente ignorado. Segundo os gurus do mercado editorial, o que escrevi é ótimo, mas comercialmente inviável porque não sou famoso não tenho seguidores nas redes sociais.
Inventei uma editora e publiquei-o assim mesmo, sem fama nem redes sociais. E desde então venho arrancando pílulas dele para fazer propaganda em textos como este.
Segundo o manual de redação da Folha, toda matéria tem de ter, obrigatoriamente, a opinião de um especialista.
Vou fazer como a repórter que finge imparcialidade e fazer uma auto-citação – totalmente desinteressada, claro:
A política moderna tornou-se algo bem diferente do significado clássico dado pelos gregos a tudo o que se referia à cidade, ao que é urbano, civil, público. Os medievais diziam que a corrupção de uma coisa é a geração de outra, portanto, atualmente a política, pervertida, consiste mais na criação de mitos: o mito do sistema político perfeito que irá abolir as misérias humanas; o mito do líder que trará a justiça aos injustiçados, felicidade aos infelizes, punição aos conjurados. E tudo se fundamenta na ideia de que a natureza humana é má, por isso é necessário a eleição de um profeta que venha profetizar distopias e apocalipses caso não sigamos à risca as suas profilaxias espirituais.
— O que restou da Política, Diogo Chiuso, Editora Noétika, 2022.
A quem tiver interesse no livro deste colunista que não é famoso e nem tem seguidores nas redes sociais, ele está à venda na Amazon.
Perfeito, como sempre, Diogo Chiuso! Parabéns e obrigada! 🙌
O jabá mais que merecido, e feito pelo próprio autor (desconhecido e sem seguidores nas redes sociais e portanto "não é um influecer" o que é maravilhoso)....👏👏👏👏👏
Já guardei o e-mail pra não esquecer do livro!
Essa imprensa, quando fala mal de alguém, basta a gente trocar o nome e colocar "molusco NaziLula " no lugar e fica perfeita....kkkkkkk
A Folha e seus jornalistas. A moça foi até a Hungria “para entender…”
Igual à Madaloso e seu “Heil” no telhado que ela “ pensou” ser de um nazista. E o editor faz a curadoria e, ainda, publica. Bem feito pra todos. Não dá para ler.