#OModernistaRedescoberto (1)
O Brasil jamais pode se esquecer que teve um escritor como Cornélio Penna.
*Por Fábio Silvestre Cardoso
A agenda do modernismo brasileiro tinha como pauta, a um só tempo abrangente e sofisticada, a redescoberta da cultura brasileira. Tanto na produção artística do período como nos textos que fundamentam aquele movimento, cujo epicentro ora completa 90 anos, existe o denominador comum da identidade nacional. Com efeito, não foram poucos os pensadores que, no século XX, tomaram para si o desafio de decifrar o que significava essa tal identidade. Com efeito, mesmo antes, escritores como Machado de Assis, em seu pouco estudado ensaio “Instinto de Nacionalidade”, e instituições do Segundo Reinado, como o Instituto Histórico Geográfico Brasileiro, almejavam encontrar um sentido para a cultura local. De todo modo, de 1922 em diante, tem-se a impressão de que esse sentido foi encontrado pelo modernismo brasileiro, e não há nada que se possa dizer ao contrário. E, com efeito, não se pretende aqui negar a importância desse movimento para a cultura nacional – ao menos não neste ensaio.
Ao mesmo tempo, torna-se urgente resgatar a relevância de um escritor que, unindo as características elementares da prosa modernista e sendo um autor de seu tempo, permanece ignorado nos debates e nos rodapés literários. Eis a pergunta que deve ser feita: por que Cornélio Penna (1896-1958) está à margem tanto dos leitores como da crítica cultural no País? Tenho algumas hipóteses, mas antes cabe discorrer mais sobre a obra e a vida desse autor.